Com os pulmões sufocados pela covid-19, o coração do ex-apresentador do boi Garantido Paulo Faria, de 61 anos de idade, parou nesta segunda, dia 22 de fevereiro de 2021.
Paulinho lutava contra a doença desde o dia 30 de janeiro.
Nesse dia, ele foi internado em Parintins, no hospital Padre Colombo, unidade usada para desafogar o hospital Jofre Cohen, referência no tratamento da doença, então colapsado.
No dia 2, ele conseguiu vaga no Jofre e, um dia depois, removido para Manaus, onde até o dia 15 dava sinais de melhora.
Mas, no dia 18, quinta-feira passada, seu quadro de saúde agravou e ele teve que ser intubado , no hospital Samel.
A eternidade
Paulinho Faria, como era conhecido, tornou-se para os torcedores do Garantido “o eterno apresentador” do bumbá.
O tratamento carinhoso era resultado das quase três décadas que ele defendeu, com sucesso, o item número 1 da disputa folclórica.
Nos 26 anos de sua passagem pelo posto, venceu todos os seus adversários.
Entre os que derrotou está a comissão de apresentadores que o Caprichoso levou para a disputa no fim dos anos 1970.
Essa comissão reunia pelo menos quatro comunicadores experientes da cidade.
O Garotinho de Ouro
Antes da eternidade, Paulinho era conhecido entre os torcedores do boi da baixa de São José como “Garotinho de Ouro do Garantido”.
O título fazia jus ao começo de sua chegada ao item.
Ele era adolescente por volta dos 15 anos de idade, franzino, quando recebeu a missão apresentar o boi e disputar o quesito.
O convite ocorria dois anos depois dele ter iniciado sua carreira de radialista na rádio Alvorada, de Parintins.
Na rádio dos padres, com 13 anos de idade, ele foi o mais jovem locutor da emissora.
Lá, o “Garotinho de Ouro” parava a cidade com os concursos e gincanas culturais que promovia nas tardes da Alvorada.
Movimentava o cineteatro da Paz com um show de auditório para o qual levou a interação com o público que já realizava em seu programa.
Interação
Essa interação com a galera, no Garantido, foi sua marca. Isso ficou forte com a contagem que lançou para chamar a batucada, que marca até hoje o início da apresentação do boi na arena.
Genialidade
Pode-se dizer que Paulinho Faria tinha grande grau de genialidade no que fazia no espetáculo.
Ele conseguia desviar a atenção dos jurados para a torcida quando as coisas não estavam bem na arena.
Na década de 1990, Paulinho conseguiu transformar em atração o problema de quebra de estrutura na alegoria do gavião real.
O azul em sua vida
A vida, porém, reservou uma ironia a Paulinho Faria.
Fanático torcedor do Garantido, ele era visto o ano todo vestindo vermelho e branco.
Mas, o azul era uma das paixões de sua vida. Isso porque foi torcedor e dirigente do time de futebol parintinense Sul América, de bandeira azul.
Desviava-se o que podia da cor do boi contrário, o Caprichoso. E só usava o azul mesmo quando o time entrava em campo.
Foto: Facebook