Amazonas espera arrecadar R$ 3,3 bilhões em crédito de carbono

Gobernador anuncia início dos primeiros projetos em reservas de desenvolvimento sustentável

Mariane Veiga

Publicado em: 20/03/2024 às 20:51 | Atualizado em: 20/03/2024 às 20:51

O governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou hoje (20) o início de projetos que devem gerar R$ 3,3 bilhões de créditos de carbono ao estado.

Esses projetos privados serão desenvolvidos inicialmente nas reservas de desenvolvimento sustentável dos rios Juma e Negro.

Segundo o governo, essas primeiras propostas aprovadas em edital destravam o mercado de carbono no Amazonas após mais de 20 anos sem movimentação.

Lima disse que esse resultado só foi possível graças ao trabalho realizado desde 2019, com ferramentas para o desenvolvimento econômico e manutenção da floresta.

“Para que a gente pudesse chegar aqui, nós percorremos um longo caminho na construção de arcabouço legal, com a regulamentação da lei de serviços ambientais, consultando experiências já implementadas em outras partes do mundo, pedindo apoio de instituições que são renomadas para que a gente pudesse lançar o projeto e começar a colher todos os resultados. E uma das principais preocupações nossas foi que as comunidades estivessem inseridas nesse processo“.

Os projetos contemplam atividades de restauração florestal, turismo de base comunitária, bioeconomia e incentivo a cadeias produtivas locais (manejo do pirarucu, extração de óleos e manejo madeireiro e não madeireiro, entre outros).

De acordo com Lima, a expectativa é gerar 28,5 toneladas de crédito de carbono somente nas duas unidades.

Com a aprovação das propostas, as empresas estão aptas a construir as iniciativas, em parceria com as comunidades e com o estado, para implantar ações sustentáveis que gerem benefícios às comunidades e fortaleçam a proteção ambiental.

Nesta estratégia, 50% dos recursos captados por meio dos projetos devem ficar diretamente nas unidades, com atividades de incentivo à cadeia produtiva, fortalecimento das associações-mãe, melhoria na infraestrutura e outros investimentos.

Os outros 50% serão destinados ao Fundo Estadual de Mudanças Climáticas, para melhorar as estruturas da gestão ambiental e, sobretudo, garantir a sustentabilidade financeira do programa Guardiões da Floresta.

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Propostas

A RDS do Juma recebeu três propostas, sendo a da Future Carbon Holding S.A considerada a mais vantajosa para o estado e, por isso, será o agente executor dos projetos.

A segunda colocada é a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que poderá ser habilitada caso a primeira não apresente proposta que atenda os critérios estabelecidos pelo edital 2/2023.

Para a reserva do Juma, a proposta vencedora estima a geração de aproximadamente 27,4 milhões de tCO2e em créditos, com expectativa de receita de R$ 3,2 bilhões, beneficiando diretamente 480 famílias em 44 comunidades.

A Future Carbon Holding S.A também foi a vencedora para projetos na reserva do rio Negro, entre quatro propostas recebidas no edital.

A BR Carbon Serviços Ambientais é a próxima colocada, caso a primeira não atenda aos critérios.

Nessa unii, a geração de créditos de carbono pode chegar a 1,1 milhão de tCO2e, com captação total estimada em cerca de R$ 132 milhões, beneficiando 630 famílias em 19 comunidades.

Foto: Arthur Castro/Secom