O governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou hoje (20) o início de projetos que devem gerar R$ 3,3 bilhões de créditos de carbono ao estado.
Esses projetos privados serão desenvolvidos inicialmente nas reservas de desenvolvimento sustentável dos rios Juma e Negro.
Segundo o governo, essas primeiras propostas aprovadas em edital destravam o mercado de carbono no Amazonas após mais de 20 anos sem movimentação.
Lima disse que esse resultado só foi possível graças ao trabalho realizado desde 2019, com ferramentas para o desenvolvimento econômico e manutenção da floresta.
“Para que a gente pudesse chegar aqui, nós percorremos um longo caminho na construção de arcabouço legal, com a regulamentação da lei de serviços ambientais, consultando experiências já implementadas em outras partes do mundo, pedindo apoio de instituições que são renomadas para que a gente pudesse lançar o projeto e começar a colher todos os resultados. E uma das principais preocupações nossas foi que as comunidades estivessem inseridas nesse processo“.
Os projetos contemplam atividades de restauração florestal, turismo de base comunitária, bioeconomia e incentivo a cadeias produtivas locais (manejo do pirarucu, extração de óleos e manejo madeireiro e não madeireiro, entre outros).
De acordo com Lima, a expectativa é gerar 28,5 toneladas de crédito de carbono somente nas duas unidades.
Com a aprovação das propostas, as empresas estão aptas a construir as iniciativas, em parceria com as comunidades e com o estado, para implantar ações sustentáveis que gerem benefícios às comunidades e fortaleçam a proteção ambiental.
Nesta estratégia, 50% dos recursos captados por meio dos projetos devem ficar diretamente nas unidades, com atividades de incentivo à cadeia produtiva, fortalecimento das associações-mãe, melhoria na infraestrutura e outros investimentos.
Os outros 50% serão destinados ao Fundo Estadual de Mudanças Climáticas, para melhorar as estruturas da gestão ambiental e, sobretudo, garantir a sustentabilidade financeira do programa Guardiões da Floresta.
Leia mais
Propostas
A RDS do Juma recebeu três propostas, sendo a da Future Carbon Holding S.A considerada a mais vantajosa para o estado e, por isso, será o agente executor dos projetos.
A segunda colocada é a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que poderá ser habilitada caso a primeira não apresente proposta que atenda os critérios estabelecidos pelo edital 2/2023.
Para a reserva do Juma, a proposta vencedora estima a geração de aproximadamente 27,4 milhões de tCO2e em créditos, com expectativa de receita de R$ 3,2 bilhões, beneficiando diretamente 480 famílias em 44 comunidades.
A Future Carbon Holding S.A também foi a vencedora para projetos na reserva do rio Negro, entre quatro propostas recebidas no edital.
A BR Carbon Serviços Ambientais é a próxima colocada, caso a primeira não atenda aos critérios.
Nessa unii, a geração de créditos de carbono pode chegar a 1,1 milhão de tCO2e, com captação total estimada em cerca de R$ 132 milhões, beneficiando 630 famílias em 19 comunidades.
Foto: Arthur Castro/Secom