Amazonas está fora do mapa da morte de grávidas com covid sem UTI

Em meio à suspensão de vacinação, ferramenta revela que, em alguns estados, quase metade das vítimas da covid nesse grupo morreu sem acesso a UTI

Mariane Veiga

Publicado em: 13/05/2021 às 14:29 | Atualizado em: 14/05/2021 às 10:14

O Amazonas está fora da lista de estados que lideram óbitos entre grávidas e puérperas (mulheres no período pós-parto e 45 dias após o nascimento dos bebês) contabilizados no Brasil desde o começo da pandemia de covid-19.

Portanto, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais encabeçam as 1.099 mortes ocorrida nesse grupo.

Porém, é em Roraima, no Espírito Santo e no Maranhão que há uma maior porcentagem de mortes em relação ao número total de notificações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ligada à covid.

Em alguns estados, metade dessas mulheres está morrendo sem ter acesso à UTI (47,3% dos casos no Pará, 45,4% no Tocantins, 38,4% no Mato Grosso) ou intubação (53,8% dos casos no Pará, 51,5% no Rio de Janeiro e 47% no Mato Grosso do Sul).

Leia mais

Anvisa suspende vacina Astrazeneca para grávidas por ‘eventos adversos’

Essas são algumas das informações do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19, um painel dinâmico que utiliza as notificações de casos de gestantes e puérperas com SRAG realizadas no sistema oficial para esse registro, o SIVEP-Gripe.

A ferramenta foi criada em abril de 2021 por um grupo de pesquisadores brasileiros para tornar os dados públicos do Ministério da Saúde mais acessíveis à população, aos políticos e aos gestores de saúde pública.

“Conseguimos transformar planilhas complexas e com uma grande quantidade de dados em um conteúdo de fácil interpretação e com atualização semanal”, diz Agatha Rodrigues, uma das criadoras. 

Embora os três primeiros meses sejam sempre os mais delicados da gestação, o estágio mais preocupante com relação à covid-19 é o segundo trimestre, que leva 30,6% das pacientes com SRAG à UTI e 11,7% delas à morte.

“O levantamento dessas estatísticas é uma ferramenta muito importante para a tomada de decisão no atendimento”, diz Agatha.

As mortes por covid em gestantes e puérperas têm crescido no Brasil acima da média da população em geral. Considerando todas as mortes por coronavírus no país, houve um aumento de 100,2% na média de óbitos por semana entre 2020 e 2021.

Quando comparamos o número de mortes só entre grávidas e mulheres que acabaram de dar à luz, a média semanal de óbitos por SRAG ligada à covid-19 sobe para 251%.

Leia mais na CNN Brasil.

Foto: Reprodução/Agência Brasil