O Amazonas passa do colapso para a queda de mortes por coronavírus (covid-19). A primeira questão a se levar em conta é que o estado foi o primeiro a ter aceleração de casos na segunda onda.
Na ocasião, com alta explosiva no início de janeiro, quando o estado chegou a ter mais de 250 pacientes internados por dia, aponta reportagem do Uol.
Com isso, sem medidas de isolamento, e com as festas de fim de ano, a ainda desconhecida nova variante, a P.1, muito mais transmissível, se aproveitou da movimentação de pessoas e se espalhou.
Com o vírus mais transmissível e sem barreira imunológica, grande parte da cidade adoeceu em um curto espaço de tempo.
“Com essa nova variante, aumentou muito a população suscetível, o que gerou um adoecimento massa. Essa queda agora tem a ver com esse alto número de pessoas que adoeceram nesse curto período”, confirma o infectologista Bernardino Cláudio de Albuquerque, professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia.
Outro ponto que ele considera fundamental é que, após o colapso hospitalar, o estado adotou medidas mais fortes de restrição à circulação de pessoas, com a proibição à circulação de pessoas nas ruas.
“Essas medidas não farmacológicas ajudaram a reduzir a circulação do vírus e também contribuíram para essa queda agora”, aponta.
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Adoecimento em massa
Para o Felipe Naveca, virologista e pesquisador da Fiocruz Amazônia, o adoecimento em massa deixou o coronavírus com menos chance de conseguir infectar pessoas no estado por conta da imunidade temporária gerada pelos casos em segunda onda.
“Quando você tem um grande pico, como houve aqui, a tendência é de diminuição —e foi o que aconteceu. Provavelmente isso veio de um esgotamento de suscetíveis, aliado às medidas de distanciamento, que fizeram diminuir a taxa de transmissão e, consequentemente, o número de casos novos”, afirma.
Ainda não há no estado resultado finalizado de inquérito epidemiológico que aponte qual percentual da população adoeceu nessa segunda onda.
Terceira onda
Apesar de acreditar num percentual alto de contaminados nos primeiros meses do ano, Bernardino diz que a baixa de casos e mortes, não é possível relaxar.
“Teoricamente há a chance de uma terceira onda, caso surja uma nova variante nas quais não haja uma cobertura efetiva pela vacina. Isso traria a possibilidade, sim, de ter uma nova alta epidêmica. Mas a nossa esperança é a vacinação, mas infelizmente ela não está na velocidade adequada”, disse Bernardino Cláudio de Albuquerque, infectologista e professor da Ufam.
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Foto: Diego Peres/ Secom