Em meio à serenidade superficial do arquipélago do Marajó, situado na região da Amazônia Atlântica paraense, desenrola-se uma realidade complexa e desafiadora, onde a violência sexual se insinua nas vidas vulneráveis de crianças e adolescentes.
No Hospital Regional de Breves, a maior cidade do arquipélago, um cenário doloroso se revela quando uma criança de meros 12 anos é internada para dar à luz, vinda de uma comunidade ribeirinha distante horas de barco.
Uma jornada que destaca não apenas a tenra idade da gestante, mas também a extrema distância geográfica e o isolamento que muitas dessas comunidades enfrentam.
Enquanto isso, em um bairro próximo, duas primas de 14 anos se veem prestes a encarar a maternidade em circunstâncias igualmente desafiadoras.
Uma delas enfrentará a jornada da maternidade sozinha, enquanto a outra partilha a experiência com um companheiro de 20 anos, cuja renda provém da coleta de açaí e da pesca tradicional de camarão.
Essas narrativas não são meros contos isolados. Elas ecoam em Melgaço, uma localidade marcada por seu baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), onde uma menina de 14 anos busca assistência médica para iniciar o pré-natal.
Leia mais
Aqui, a vulnerabilidade social é palpável, revelando uma realidade onde o acesso a serviços básicos de saúde e educação é precário, exacerbando a vulnerabilidade das jovens mães e suas crianças.
Esses relatos alarmantes não são apenas uma triste saga humana; eles clamam por atenção e ação imediata para proteger os jovens do arquipélago do Marajó da violência e do abandono institucional.
A presença do Estado é tênue, e as comunidades ribeirinhas enfrentam desafios complexos que vão desde a falta de acesso a serviços básicos até a escassez de medidas eficazes de proteção à infância e à adolescência.
A luta contra a violência sexual e o apoio às jovens mães são questões urgentes que exigem uma resposta enérgica por parte das autoridades, da sociedade civil e de todos os envolvidos.
Somente com uma abordagem coordenada e abrangente podemos esperar criar um ambiente seguro e acolhedor para as crianças e adolescentes do Marajó, onde possam crescer e prosperar sem medo e sem privações.
Leia mais na Folha
Foto: reprodução