AmazĂ´nia: biofĂ¡bricas itinerantes de chocolate podem faturar US$ 8 bi

A soluĂ§Ă£o Ă© criar uma bioeconomia descentralizada, em vez de enxergar a AmazĂ´nia como uma fornecedora de commodities para indĂºstrias de outros locais

Publicado em: 24/01/2024 Ă s 22:40 | Atualizado em: 24/01/2024 Ă s 23:40

A comunidade de SurucuĂ¡, no oeste do ParĂ¡, Ă© a primeira a receber o LaboratĂ³rio Criativo da AmazĂ´nia, uma fĂ¡brica itinerante de chocolate projetada para incentivar a bioeconomia na AmazĂ´nia.

Em vez de apenas coletar produtos florestais, as comunidades tradicionais da AmazĂ´nia poderĂ£o usar as chamadas biofĂ¡bricas para processar, embalar e vender produtos processados.

O projeto ainda estĂ¡ no inĂ­cio, mas demonstra o potencial da bioeconomia na AmazĂ´nia: uma locomotiva econĂ´mica capaz de gerar pelo menos US$ 8 bilhões por ano, estimam especialistas.

Numa tenda na comunidade de SurucuĂ¡, na beira do rio TapajĂ³s, no ParĂ¡, Jhanne Franco ensina 15 moradores a fabricarem chocolate a partir do zero. Jhanne Ă© uma mestre-chocolateira de RondĂ´nia e tambĂ©m uma prova viva de como o conceito do chocolate produzido do grĂ£o Ă  barra (bean to bar) pode funcionar na floresta amazĂ´nica.

“Aqui Ă© onde desenvolvemos as ideias dos alunos”, diz ela, apontando para a sala de aula montada em uma clareira. “NĂ£o estou aqui para passar uma receita. Quero mostrar para eles como se dĂ¡ a fabricaĂ§Ă£o do chocolate, para que eles possam criar suas prĂ³prias receitas”, ressalva Jhanne.

O programa de treinamento faz parte de um conceito desenvolvido pelo Instituto AmazĂ´nia 4.0, organizaĂ§Ă£o sem fins lucrativos voltada para a preservaĂ§Ă£o da floresta.

O instituto foi concebido em 2017, quando dois cientistas brasileiros, os irmĂ£os Carlos e Ismael Nobre, começaram a pensar em formas de impedir que a AmazĂ´nia atingisse seu ponto de nĂ£o-retorno, quando o desmatamento, associado Ă s mudanças climĂ¡ticas, transformaria a floresta numa savana seca de maneira permanente.

A soluĂ§Ă£o Ă© criar uma bioeconomia descentralizada, em vez de enxergar a AmazĂ´nia como uma fornecedora de commodities para indĂºstrias de outros locais. Os investimentos seriam feitos em plantios florestais sustentĂ¡veis, no lugar do gado e da soja, responsĂ¡veis pelo desmatamento de grandes trechos de floresta. AlĂ©m disso, os lucros permaneceriam dentro das comunidades locais.

Um estudo do WRI (World Resources Institute) e da New Climate Economy, publicado em junho de 2023, analisou 13 produtos primĂ¡rios da AmazĂ´nia, incluindo o cacau e o cupuaçu, e concluiu que mesmo essa pequena seleĂ§Ă£o de produtos poderia aumentar o PIB da bioeconomia em pelo menos US$ 8 bilhões por ano.

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Foto: Francisco Maia/Instituto AmazĂ´nia 4.0/DivulgaĂ§Ă£o