Dados da ferramenta Monitor do Fogo da rede MapBiomas, divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), revelam um crescimento de 132% nas áreas de floresta queimada em agosto deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Um dado preocupante é sobre o avanço das queimadas em vegetação nativa. Em 2019, 12% dessas áreas estavam sendo atingidas, hoje concentra 34% de tudo o que pegou fogo na região. Trata-se da maior concentração de fogo em floresta para o mês em cinco anos.
No total, foram 685.829 hectares de floresta queimada na Amazônia em agosto de 2024 e 295.777 hectares em agosto de 2023. Este número era de 207.259 hectares no mesmo mês em 2019.
Em agosto de 2024 o fogo também cresceu nas áreas agropecuárias, com uma área queimada 38% maior do que em agosto de 2023. Cerca de 1,1 milhão de hectares foram queimados nessas áreas em agosto deste ano e 806.772 no mesmo mês do ano passado.
“Em agosto de 2024 tivemos um aumento expressivo da área afetada por incêndios florestais na Amazônia comparada a outros anos da série. Normalmente nesse mês são registradas principalmente queimadas em áreas agropecuárias com grande destaque para as áreas de pasto. Este ano parece que o clima tem impactado essa tendência, infelizmente, deixando as florestas mais inflamáveis e suscetíveis aos incêndios”, disse Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam.
De acordo com ela, o aumento na área de floresta queimada já era algo que estava em observação.
“Em uma nota técnica publicada pelo IPAM em julho deste ano, mostramos a alta de 36% nos incêndios florestais na Amazônia em 2023 em relação a 2022. Ou seja, as políticas de redução de desmatamento, apesar de efetivas, precisam ser complementadas com uma atuação específica para a redução do uso do fogo na paisagem como um todo para além da redução do desmatamento”, propôs.
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Florestas públicas
O maior aumento das queimadas foi registrado na categoria Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs), principal alvo de grilagem na Amazônia. Nelas, houve uma alta de 175%, passando de 308.570 hectares atingidos pelo fogo em 2023 para 849.521 hectares queimados em 2024. As áreas representam 16% da área queimada no bioma no período.
As áreas indígenas representam 24% do que queimou na Amazônia nos oito primeiros meses do ano. Em comparação com 2023, quando tiveram 937.148 hectares queimados no período, o aumento é de 39% no fogo nessas áreas em 2024, com 1.300.646 hectares atingidos.
Na sequência estão os imóveis rurais privados com Cadastro Ambiental Rural (CAR) e Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), com 23% da área queimada no bioma de janeiro a agosto deste ano. Estes imóveis tiveram 696.586 hectares queimados em 2023 e 1.233.888 hectares queimados em 2024, um aumento de 77%.
“O aumento da área queimada em terras indígenas, nas florestas públicas não destinadas revela uma dificuldade de combater o fogo em áreas onde a infraestrutura e o acesso são difíceis, ainda mais quando várias estão queimando ao mesmo tempo. Para reduzir os incêndios nestas áreas é fundamental reduzir o uso do fogo nos imóveis rurais privados, que também têm uma abrangência grande de área queimada, e combater o uso criminoso do fogo em terras públicas”, diz a diretora do Ipam.
Foto: divulgação