Amazônia: malária tem a ver com cor do rio? Estudo revela

Os resultados, segundo os autores, ajudam a identificar os locais com maior risco de transmissão de malária

Ferreira Gabriel

Publicado em: 11/12/2023 às 15:20 | Atualizado em: 11/12/2023 às 15:20

Estudo com abordagem inédita da Fiocruz Amazônia buscou avaliar a relação entre coloração de rios com a incidência da malária. A pesquisa é feita em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento.

Conforme estudo, observou-se uma relação entre os 2 fatores, razão pela qual, em situações extremas, as localidades próximas aos rios de coloração preta apresentam maior incidência de malária, quando comparados aos chamados rios de águas brancas, que possuem cores turvas e barrentas, como é o caso de Solimões, Amazonas, Madeira e Juruá.

Os resultados do trabalho, publicado em artigo científico no Malaria Journal, apontam que as águas dos rios de cor escura, a exemplo do Rio Negro, por carregarem menos sedimentos e serem mais ácidas, podem favorecer a proliferação do mosquito Anopheles darlingi, transmissor da doença.

Liderado pela pesquisadora Fernanda Fonseca, vice-chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (Legepi/Fiocruz Amazônia), o trabalho é também de autoria dos pesquisadores em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana e Antonio Balieiro; Naziano Filizola (Inpa); Jean-Michel Martinez (Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento); e James Dean Santos (Ufam).

Os resultados, segundo os autores, ajudam a identificar os locais com maior risco de transmissão de malária, o que pode contribuir para um planejamento mais preciso de ações voltadas ao controle da doença na região.

De acordo com Fernanda Fonseca, a pesquisa foi realizada em uma região com características hidrográficas heterogêneas o suficiente para permitir uma análise que contrastasse as diferentes cores dos rios e abrangendo o Estado do Amazonas, em quase sua totalidade. O trabalho foi tema recente de reportagem da revista Forbes.

As análises incorporam dados de 50 dos 62 municípios do Estado do Amazonas e foram efetuadas a partir de imagens de satélite do aplicativo Google Earth, de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH), da base de dados do Observatório do Ambiente, Pesquisa em Hidrologia e Geodinâmica da bacia Amazônica e do Sistema de Vigilância Epidemiológica de Malária (Sivep-Malária), do ministério da Saúde.

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