Pesquisadores e comunidades tradicionais se uniram em Manaus para explorar o passado e proteger o futuro da Amazônia com o projeto Amazônia Revelada .
A iniciativa conta com a tecnologia Lidar (Light Detection and Ranging) e é liderada pelo arqueólogo Eduardo Góes Neves, da USP. A tecnologia revela, com precisão, estruturas ocultas sob a floresta.
O encontro, realizado entre 18 e 21 de outubro no Museu da Amazônia (Musa), destacou importantes descobertas. Essas revelações reforçam a Amazônia como um patrimônio biocultural, moldado por mais de 13 mil anos de história.
A técnica Lidar, que virtualmente remove a vegetação e expõe o solo, tem desvendado geoglifos, vilas antigas e valas conectadas a ocupações indígenas ancestrais.
Por exemplo, no Acre, geoglifos de grandes dimensões foram mapeados. Em Rondônia, surgiram vestígios de uma vila portuguesa, próxima à fortaleza Príncipe da Beira.
Esses achados evidenciam a profundidade histórica da Amazônia, moldada tanto pela natureza quanto pelos povos indígenas. Além disso, o projeto prioriza a ciência colaborativa, envolvendo diretamente as comunidades locais.
“O projeto é uma demanda das comunidades, não nossa”, afirmou Francisco Pugliese, da UnB. O envolvimento das populações locais vai além da consulta.
Sabedoria indígena
Os conhecimentos indígenas orientam os pesquisadores, conduzindo-os a locais ricos em história e, assim, auxiliando na interpretação dos achados. Além disso, com sede no Musa, o projeto Amazônia Revelada transformou o espaço em um polo de arqueologia.
Nesse contexto, o Musa agora viabiliza auditórios, mostras e reservas técnicas, essenciais para preservar artefatos encontrados. Para Neves e sua equipe, o objetivo vai além de simplesmente desenterrar histórias.
De fato, trata-se de garantir que o conhecimento produzido não apenas amplie a compreensão histórica, mas também fortaleça a proteção da floresta e dos povos que nela vivem. No Alto Xingu, por exemplo, os Kuikuro assumiram protagonismo tecnológico com drones Lidar, uma tecnologia inovadora.
Esses drones, por sua vez, permitem que as comunidades locais mantenham o controle sobre os dados de seus territórios, assegurando maior autonomia. Esses esforços conjuntos, portanto, demonstram claramente que, na Amazônia, passado e futuro se entrelaçam.
Dessa forma, tudo isso visa promover a preservação ambiental e cultural da região.
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A matéria é da Revista Fapesp. Leia na íntegra .
Foto: divulgação/Arquivo pessoal Comunidade Jupaú