O fenômeno climático do El Niño, presente há milhares de anos, está se tornando mais frequente devido ao efeito estufa causado pelas emissões humanas, resultando em ondas de calor mais intensas em várias cidades europeias. O cientista Philip Fearnside, um dos maiores especialistas em mudança climática do mundo, explica os impactos esperados desse fenômeno, juntamente com a temporada de queimadas na Amazônia.
A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (Noaa) registrou a temperatura mais alta na superfície do oceano em 41 anos, indicando o agravamento do aquecimento global. O aumento desenfreado do aquecimento do oceano tem sido constatado desde 2016, com picos nos últimos anos.
Na Amazônia, já são perceptíveis mudanças no modo de vida das populações tradicionais, ribeirinhas e indígenas, evidenciando alterações climáticas. Pescadores, por exemplo, não conseguem mais prever a subida e descida dos rios, afetando suas atividades. Além disso, o açaí, fruto amazônico com relevância no mercado internacional, também é impactado.
O pesquisador Philip Fearnside, renomado cientista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), é reconhecido por alertar sobre o impacto destrutivo dos grandes empreendimentos na região. Estudos preveem secas sem precedentes na Amazônia e no Brasil até o fim do século, com um aumento de quatro graus na temperatura média atual.
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Após o período de governo de Bolsonaro, pesquisadores questionam se o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), que foi eficaz na redução do desmatamento entre 2000 e 2010, será suficiente para diminuir as emissões e acabar com o desmatamento. Apesar de um relançamento do PPCDAm em junho, os focos de queimadas já superam os números do ano anterior.
Neste ano, o estado do Mato Grosso é o mais afetado, apresentando um aumento de 20% nos focos de queimadas em relação a 2022. Além disso, quase metade de todas as queimadas na Amazônia Legal concentram-se nesse estado.
O agravamento do El Niño, intensificado pelas emissões humanas, acende um alerta sobre como as ações humanas podem contribuir para a destruição e o avanço do desmatamento na região. A necessidade de ações efetivas de combate às mudanças climáticas e à preservação da Amazônia torna-se ainda mais urgente.
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Foto: TV Brasil