Arthur diz à mídia internacional que teme genocídio de indígenas no AM

O prefeito acusou o presidente Jair Bolsonaro de não estar preocupado com a situação dos povos indígenas e “não fazer nada para salvar as vidas ameaçadas pelo surto"

Arthur Neto Hospital de Campanha

Iram Alfaia, de Brasília

Publicado em: 21/05/2020 às 19:54 | Atualizado em: 21/05/2020 às 20:17

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), disse que algo muito grave está acontecendo no Amazonas. Sobretudo que pode virar um genocídio indígena caso o governo federal não cumpra seu papel na proteção de “tribos vulneráveis” nessa pandemia do coronavírus.

Em entrevista à agência de notícias russa Sputnik, o prefeito acusou o presidente Jair Bolsonaro de não estar preocupado com a situação dos povos indígenas e “não fazer nada para salvar as vidas ameaçadas pelo surto.”

O prefeito afirmou que são 25 indígenas mortos pela covid-19 em aldeias e mais 100 na área urbana, incluindo Manaus.

“É algo que o mundo inteiro precisa tomar conhecimento. Nós estamos vivendo uma situação difícil e deplorável do estado. Temos o interior largado, não tem hospitais e nem UTIs. O transporte de UIT aérea é pouco em relação ao tamanho do problema”, disse o prefeito.

Segundo ele, o presidente estimula o garimpo em terras indígenas, desmatamento, e pune agentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Estes que estão protegendo os recursos naturais e os povos indígenas.

Arthur também criticou o estímulo ao agronegócio em detrimento da política de desenvolvimento sustentável na região.

Destacou que o Amazonas é dono do maior banco genético. Bem como chamou a floresta de “galinha dos ovos de ouro”, mas seriamente ameaçada pelo desmatamento.

Em tom ácido, responsabilizou o governo Bolsonaro pelo maior desmatamento da Amazônia nos últimos 10 anos. Este, portanto, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Em abril foram 529 km² de floresta derrubada, ou seja, quase a mesma área da cidade de Porto Alegre (RS). Houve um aumento de 171% em relação ao mesmo período do ano passado.

Sebastião Salgado

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, reconhecido mundialmente, também alertou para o perigo de um genocídio dos indígenas na Amazônia. Principalmente por causa da pandemia do coronavírus.

Em entrevista a uma das maiores agências de notícias do mundo, a Agence France-Presse (AFP), o fotógrafo também culpou o governo Bolsonaro pela situação.

“Nós realmente arriscamos um grande desastre. Eu chamo de genocídio: é a eliminação de um grupo étnico e de sua cultura. Acredito que é para onde o governo Bolsonaro está indo, porque sua posição é 100% contra os índios”, disse Salgado.

Foto: Divulgação

 

 

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