Aos 29 dias de dezembro do ano de 2017 chegava a este mundo um ser humano medindo 29 centímetros. Seu peso era menos de meio-quilo. Para agravar mais seu quadro, o bebê sofreu hemorragia intracraniana após o parto.
Para muitos, um bebê prematuro que dificilmente sobreviveria. Afinal, o índice de mortandade para os nascidos com características tão fragéis é de 80%.
Ieda Valentina Martins Trindade, após quase três meses de hospital, recebe alta nesta segunda, dia 26, pesando 1,750 kg, sem qualquer impedimento físico ou neurológico.
Essa história, de raro final feliz, se dá em Manaus, mais precisamente na maternidade municipal Moura Tapajóz.
“Já registramos aqui na maternidade bebês prematuros que nasceram com 550 ou 600 gramas e que conseguiram sobreviver, mas nunca abaixo desse peso. Sempre temos uma preocupação extra com os bebês prematuros, mas a evolução positiva da Valentina surpreendeu e acrescentou uma responsabilidade extra para toda a equipe”, disse a médica Paula Célia, coordenadora da UTI neonatal.
A médica disse que a hemorragia sofrida por Valentina foi de grau 1, considerado baixo e, geralmente, não traz sequelas. “Também não registramos problemas de coração e, por tudo isso, consideramos que ela tem um bom prognóstico de desenvolvimento e crescimento”, afirmou a médica.
Reconhecimento
Na tarde desta sexta, dia 23, o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), sua esposa Elisabeth Valeiko e o chefe da Casa Civil, Arthur Bisneto foram visitar e conhecer as protagonistas dessa história que comoveu toda a equipe médica da maternidade.
O prefeito foi reconhecer o comprometimento da equipe médica com Valentina, que para ele foi “um milagre da vida”. “Foi o cumprimento do dever primeiro da Moura Tapajóz, que é o de preservar vidas, que permitiu que a Prefeitura de Manaus cumprisse com o seu dever em conjunto”.
Arthur disse ainda que se sente “em um momento muito particular de felicidade porque é uma maternidade pública municipal. Isso deveria até ser um trabalho do Governo do Estado e não da prefeitura, mas a gente aceita de bom grado”.
Ele anunciou que vai melhorar mais as condições da Moura Tapajóz com uma reforma.
Bisneto também enalteceu o trabalho dos servidores do hospital como fundamental para a sobrevivência de Valentina. “O mérito todo de uma criança que nasce com 445 gramas, que está viva e prestes a receber alta é do trabalho de todas as pessoas que estão a serviço na Moura Tapajóz, desde os médicos até os serventes que limpam o chão. Obviamente que em primeiro lugar foi por graça de Deus”, disse.
A partir da alta, Valentina será acompanhada até os 2 anos de vida por uma equipe multiprofissional da maternidade, conforme anunciou Arthur.
“Quando vi a nenê chorei muito e lembro que falei com a minha irmã de que não tinha esperanças, que somente Deus poderia ajudar e Ele mostrou que realmente existe, ajudando a Valentina”, disse a mãe, Ide Martins, de 42 anos.
Foto: Divulgação/Semcom