Artistas de Parintins reclamam de abandono da Aparecida pós-desfile

Publicado em: 15/02/2018 às 15:51 | Atualizado em: 15/02/2018 às 16:49
Artistas que vieram de Parintins para produzir alegorias para a escola de samba Mocidade Independente de Aparecida reclamam de abandono por parte da diretoria da agremiação após o desfile de Carnaval.
No grupo de pelo menos 8 pessoas estão desenhistas, escultores, soldadores, pintores e revestidores que prestam serviços aos bois-bumbás, mas que no momento vivem de doações de comida por parte de amigos.
Instalados no barracão da escola, dormem em colchonetes e cobertores improvisados pelo chão e sem água no chuveiro.
“Não era pra gente estar nesta situação. A gente trabalhou e merece receber”, diz Márcio Leal, soldador que trabalha para o boi Caprichoso na Ilha.
Dinheiro na mão, sqn
Segundo o profissional eles foram contratados pela Aparecida e informados que o dinheiro estaria disponível logo após o trabalho.
“O presidente [Saulo Borges] disse que era pra gente trabalhar, que o dinheiro estava nas mãos e iam pagar a gente direitinho. Mas [com o fim do trabalho] a gente queria receber e aí começaram as desculpas. Eles falaram que iam resolver mas até agora nada”, conta Leal.
O artista informa ainda que os profissionais não receberam nem 50% do que foi acertado e estão na espera da conclusão do que lhes é devido desde o dia do desfile, ocorrido no dia 10 de fevereiro no sambódromo.
“Então fica complicado pra nós assim, pô, porque a gente tem família e aí deixaram a gente aqui sem café, sem almoço. A gente só quer o que é nosso, o pagamento pelo suor do nosso trabalho”, pede Márcio.
O que diz a escola
O BNC entrou em contato com o carnavalesco e presidente da Aparecida, Saulo Borges, que ficou surpreso ao saber o que estava acontecendo no barracão.
Segundo ele, um colaborador da Aparecida chamado Zickson Reis, foi contratado pela agremiação para trazer e cuidar dos artistas.
“Ele é o responsável pelo barracão e pelos artistas. Não estava sabendo que eles estavam dormindo lá e nem que estavam sem comida. Se soubesse já tinha providenciado, pois há alimento em nosso almoxarifado e se, necessário, compraria com o meu cartão”, disse Borges.
Sobre o pagamento, o presidente confirmou que já fez a reserva no banco e que aguarda apenas a liberação do recurso que soma R$ 23 mil para fazer o repasse.
“O orçamento das escolas é apertado. O que fui recebendo priorizei a compra de material para que os artistas trabalhassem e eu tivesse motivo para pagá-los. O banco só voltou a funcionar ontem (quarta-feira, dia 14). Como é um valor alto, precisei fazer uma previsão no banco. Provavelmente até amanhã (sexta-feira, dia 16) o dinheiro já estará liberado”, informou.
No Carnaval 2018, a Mocidade Independente de Aparecida ficou em 6º lugar entre as 8 escolas do Grupo Especial.