O Amazonas está entre os 20 estados brasileiros que tiveram a superfície de água, em 2022, acima da média da série histórica, iniciada em 1985. E Barcelos (a 396 quilômetros de Manaus) é o município com a maior superfície de água no Brasil: 630.505 hectares, o que representa 5% de toda a água do estado.
Ainda nessa lista dos dez municípios com as maiores superfícies de água aparecem as cidades amazonenses de Presidente Figueiredo (264.352 ha), Coari (247.672 há) e Parintins (224.468 ha).
Os dados são do MapBiomas revelados no estudo sobre a dinâmica da superfície de água no Brasil. Mostram que no ano passado a superfície de água no país ficou 1,5% acima da média da série histórica, ocupando 18,22 milhões de hectares ou 2% do território nacional.
Segundo o levantamento, houve uma recuperação de 1,7 milhão de hectares (10%) em relação a 2021, ano de menor superfície na série histórica.
O ano passado foi o primeiro, desde 2013, em que a superfície de água no Brasil ultrapassou a barreira dos 16 milhões de hectares. Ao todo, o país ainda tem em torno de 6% da superfície e 12% do volume de toda a água doce do planeta.
No entanto, o MapBiomas revela que o Brasil está secando: em 30 anos, o país perdeu 1,5 milhão de hectares de superfície de água. Mas 2022 trouxe um pouco de alívio.
Dessa forma, a pesquisa traz ainda os 20 municípios que mais perderam superfície de água em 2022, em relação à média histórica. Entre eles está Tapauá, no Amazonas. Desde a série histórica, o município teve uma perda média de -5.345 ha da superfície de água.
Um dos destaques do estudo do MapBiomas é a sub-bacia Amazonas, entre o lago de Coari e o rio Purus. Em 2022, a sub-bacia teve área de superfície de água de 19.720 ha, 3% acima da média histórica.
No entanto, essa sub-bacia foi a que mais transformou água para terra na Amazônia entre 1985 e 2022. A área de perda foi -14.267 há (-1,83%). De acordo com a pesquisa, a tendência na sub-bacia entre o lago de Coari e o rio Purus segue de redução.
Água na Amazônia
No caso da Amazônia, em 2022, o bioma apresentou uma superfície de água de 11.304.631 há. Aumento de 13% em relação a 2021 e 15% em relação a 2020. Foi a 5ª maior área de superfície de água mapeada na região.
Os pesquisadores do MapBiomas dizem que esse aumento está associado principalmente ao regime de chuva no bioma e intensificado por fenômenos extremos como a La nina que percorreu parte dos últimos dois anos.
Mas, a tendência no bioma Amazônia segue de redução de superfície de água. Apesar do sinal positivo em 2022, a Amazônia teve sua pior sequência nos anos recentes. O primeiro trimestre de 2022 teve a maior superfície de água da série histórica média de 10.696.935,48 ha. Aumento de 16% em relação ao mesmo período de 202.
Terra ianomâmi
Ainda segundo a pesquisa, 1.691 hectares (8%) da superfície de água da terra indígena ianomâmi estavam a pelo menos 1 km de distância dos garimpos em 2022. Esses garimpos estão a pelo menos 250 metros de um corpo hídrico, totalizando 605 ha (2,9%). Nunca essa distância foi tão curta, afirmam os especialistas.
Seca no Pantanal
O Pantanal segue como o bioma com a maior tendência de redução da superfície de água. Em 2022, a superfície de água anual do Pantanal aumentou pela primeira vez desde 2018. Apesar disso, o bioma ainda passa por um período seco: a diferença da superfície de água com a média da série histórica é de 60,1%.
O Pampa também registrou queda de -1,7% em relação à média, alcançando a menor área de superfície de água de toda a série histórica. Todos os demais biomas ganharam superfície de água em 2022: Cerrado (+11,1%), Amazônia (+6,2%), Caatinga (+4,9%) e Mata Atlântica (+1,9%).
Tendência de redução
Apesar do sinal de recuperação que 2022 representou, a série histórica aponta para uma tendência predominante de redução da superfície de água no Brasil”, alerta Carlos Souza, coordenador do mapeamento do MapBiomas.
“Todos os anos mais secos da série histórica do MapBiomas ocorreram nesta e na última década. O intervalo entre 2013 e 2021 engloba os 10 anos com menor superfície de água, o que torna essa última década a mais crítica da série histórica”, destaca.
Todos os biomas perderam superfície de água entre 1985 e 2022, com destaque para o Pantanal, onde a retração foi de 81,7%. Em segundo lugar vem a Caatinga, que já é o bioma mais seco do país e que perdeu quase um quinto de sua superfície de água (19,1%). Mata Atlântica (-5,7%), Amazônia (-5,5%), Pampa (-3,6%) e Cerrado (-2,6%) também ficaram mais secos.
Foto: Reprodução/ Ministério do Turismo