Bebês yanomâmi são internados com coronavírus em São Gabriel

Aldeia Maiá, no Amazonas, teve uma explosão de casos suspeitos e confirmados entre crianças; cinco foram transferidas de helicóptero para hospital do Exército

Ferreira Gabriel

Publicado em: 10/08/2020 às 17:11 | Atualizado em: 10/08/2020 às 17:11

Cinco bebês Yanomami da aldeia Maiá, localizada no estado do Amazonas, foram levados às pressas de helicóptero a São Gabriel da Cachoeira neste final de semana.

No domingo (9), quatro chegaram à cidade com um quadro severo de desidratação. A partir disso, três foram diagnosticados com Covid-19. Por outro lado, um ainda é tratado como caso suspeito, já que o pai foi contaminado.

Um dia antes, uma menina de um ano e oito meses, também de Maiá, foi internada em São Gabriel com pneumonia e Covid-19.

Maiá, uma das 330 comunidades da Terra Indígena Yanomami, fica aproximadamente 170 quilômetros de São Gabriel.

A terra Yanomami é a maior do Brasil, com 9,6 milhões de hectares distribuídos em oito municípios dos estados do Amazonas e Roraima. Sobretudo ali vivem aproximadamente 26 mil Yanomami e Ye’kwana. Esta, portanto, representa 3% da população total.

Internações

Ontem, na chegada ao hospital, as quatro mães Yanomami foram recebidas pelo pediatra de plantão, José Antonio Candeia, do Hospital de Guarnição (HGU), gerido pelo Exército.

O médico demonstrou surpresa com a chegada da Covid-19 na aldeia Maiá. Esta, portanto, é uma das mais isoladas da TIY.

“Quem levou esse vírus para lá, meu Deus?”, questionou o médico ainda na recepção.

Acompanhados pela enfermeira do DSEI-Yanomami Eliane Sanches, que fala a língua Yanomami, os bebês foram internados com diarreia e vômito. Segundo ela, são os “sintomas de Covid-19 que as crianças de Maiá estão apresentando”.

A enfermeira conta que, como Maiá é uma das comunidades mais distantes atendidas pelo DSEI-Y. Portanto, há um grande desafio logístico para a remoção de pacientes.

Outro ponto de tensão é o histórico de doenças entre os Yanomami e Ye’kwana. Sobretudo, esses povos sofrem com os efeitos da malária e da precária estrutura de saúde.

“Associadas à Covid-19, doenças predominantes na primeira infância dos Yanomami podem evoluir para casos mais complicados. Temos também um surto sazonal de diarreia em crianças na Terra Indígena Yanomami, o que é preocupante com a [chegada da] pandemia”, avaliou.

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Foto: Raquel Uendi/ISA

 

 

 

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