No último dia 4 de janeiro, o Amazonas entrava na Fase Roxa (Fase 4), classificação de alto risco da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no estado. O anúncio foi feito pela diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), Rosemary Pinto, que faleceu vítima da doença 18 dias depois.
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Para chegar a essa classificação de situação epidemiológica no estado, uma ferramenta foi essencial também na adoção de medidas no enfrentamento à Covid-19. Tratava-se, portanto, da Calculadora de Risco da Covid-19 , desenvolvida pela FVS, em maio de 2020.
Além disso, foi proposta pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Ministério da Saúde. A princípio, serviu para o cenário do início da flexibilização das atividades econômicas e sociais no Amazonas no arrefecimento da primeira onda da pandemia, sobretudo em Manaus.
Conforme Daniel Barros, 38 anos, coordenador de análise da Sala de Situação de Saúde, a calculadora contava com alguns pontos a mais para avaliação. No entanto, nesta segunda onda da pandemia, a ferramenta tem sido guia para restringir atividades no Amazonas.
“No mês de maio nós desenvolvemos uma aqui no Amazonas muito semelhante, só que naquele momento foi pra flexibilização das atividades econômicas. Então a gente queria de alguma forma medir se a gente poderia tá abrindo ou não, voltando as atividades. Mas aquele momento a ferramenta tinha muito mais indicadores, tinha por exemplo a questão do isolamento social, a distância dos municípios em relação a capital, por questões de logísticas, pra transporte de pacientes. Então a gente agregava vários indicadores”.
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Mudança de função
Cerca de 10 meses após a criação da calculadora, o cenário mudou, e a análise feita nesse momento é por quanto tempo serão mantidas as restrições das atividades socioeconômicas do estado.
“Essa que a gente está utilizando agora, já que é pra outro momento, é justamente pra saber o quanto a gente tem que fechar, que seria o contrário agora, antes era se a gente poderia reabrir, agora é até quando a gente tem que manter fechado”, declarou Daniel Barros.
O que é a calculadora de risco?
Não se trata apenas de uma calculadora comum, apesar de parecer. De acordo com Barros, “é uma ferramenta que agrega vários indicadores”. A partir disso, “ela sintetiza várias informações e produz um alerta sobre nível de risco da Covid-19”. A princípio, estava prevista no Plano de Contingência Estadual do Amazonas no enfrentamento a pandemia.
Segundo o chefe da Sala de Situação, a calculadora possui metodologia semelhante a utilizada no cálculo do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Isso, porque soma indicadores como educação, renda e saúde.
A partir disso, ele explica que a “ferramenta agrega informações como: a taxa de ocupação de leitos de UTI, taxa de ocupação de leitos clínicos, a variação do número de casos, variação do número de óbitos, e também o número de exames positivos, positividade”.
Como funciona?
Há divisão de três tabelas que são utilizadas para calcular a situação de risco da doença no estado. A primeira apresenta seis indicadores, divididos nos seguintes pontos centrais: capacidade de atendimento e epidemiológico.
Confira abaixo a tabela 1:
A partir disso, Daniel Barros explica que para cada um dos indicadores é estabelecido um nível de gravidade. Esse número de pontos varia de 0 a 40. Dessa forma, ele exemplifica:
“Para taxa de ocupação de leitos por exemplo, se a taxa de ocupação tiver maior do que 85%, a gente dá uma pontuação máxima, pro risco desse indicador. Se ela estiver por exemplo, entre 50 e 70%, ela recebe pontuação menor. E assim vou estabelecendo score, pontuações pra cada faixa de pontuação desse indicador. E isso eu faço pra todos os indicadores”.
Confira a Tabela 2:
Quatro fases de risco
Quatro fases divididas por cores e pontuações compõem a calculadora para classificação dos níveis de risco. Confira o exemplo na Tabela 3:
Daniel Barros explica que “a cada 10 pontos, a gente tem uma faixa de risco. Então por exemplo, de 30 a 40 é a faixa considerada de muito alto risco pra Covid, que é a que a gente tá atualmente. É a fase 4 da nossa ferramenta. Hoje a gente está com 39 pontos”.
Atualização
O banco de dados que alimenta a calculadora de risco é fornecido por indicadores da Secretaria Estadual de Saúde, da Fundação de Vigilância em Saúde. A atualização tem sido feita diariamente com análise dos dados entregues por ambos os órgãos.
“Temos avaliado diariamente. E depois a gente faz a soma de todos os indicadores. Esse nosso score varia de 0, que seria uma situação tranquila, até 40, que é uma situação de alto risco”, disse Daniel Barros.
Foto: Divulgação