Capivara ‘Filó’ volta à cena de Manaus no festival Artistas pelo Clima

A capivara “Filó” volta à cena de Manaus após ser personagem das redes sociais e causar alvoroço político entre parlamentares do Amazonas e o Ibama em maio de 2023.

Desta vez, o animal está presente no festival Artistas pelo Clima que acontece no conjunto Viver Melhor 2, bairro de Santa Etelvina, zona norte de Manaus até sábado (16).

O evento, que usa arte como ferramenta de denúncia da crise climática na Amazônia, em meio à COP-28, irá promover uma ocupação cultural no Viver Melhor 2. E ainda terá como principal atração a pintura de dois prédios com arte coletiva feita por artistas da Amazônia

O festival Artistas pelo Clima trouxe uma capivara gigante inflável de mais de três metros, representando “Filó”. É uma sátira àquele que é considerado um dos maiores responsáveis pelo desmatamento no município de Autazes, Elmar Cavalcante. Ele é avô do “tiktoker da capivara” Agenor Tupinambá.

Cavalcante foi multado em fevereiro de 2022 pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), por destruir ou danificar mais de 240 hectares de floresta nativa.

Sozinho, o avô de Tupinambá teria sido responsável por 42% do desmatamento registrado no município nas duas últimas décadas, segundo os dados disponíveis nos sistemas de consulta pública do Ibama e do Ipaam.

Entidades ambientais até criaram um site, resgatando os nomes com maiores áreas em desmatamento ilegal e que mostra que a Amazônia não pega fogo sozinha. (https://seacapivarafalasse.com/).

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Denúncia do Ibama

A polêmica envolvendo a capivara ocorreu em maio deste ano e tudo começou depois que o tiktoker postou imagens na internet como sendo o criador da capivara no município de Autazes.

O Ibama do Amazonas interveio porque a legislação ambiental proíbe criação de animal silvestre. Em defesa de “Filó”, a deputada estadual Joana Darc (União Brasil) entrou na causa para manter a custódia da capivara com o tiktoker.

Mas, o órgão ambiental foi à Justiça, que mandou devolver o animal silvestre à natureza.

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Crise climática

Com o objetivo de denunciar a crise climática vivenciada pelas populações da Amazônia, o festival Artistas pelo Clima terá como atração a pintura de dois painéis coletivos feitos por artistas amazônidas, um apontando a denúncia e outro a esperança.

O primeiro mural exibe denúncias dos crimes que agravam a crise climática na região amazônica, como a fumaça das queimadas, que encobriu o céu de Manaus e tornou a maior capital da Amazônia brasileira, o segundo pior lugar do mundo para respirar.

Além disso, a seca extrema que afeta a bacia amazônica transformou os rios e igarapés da Amazônia em lama.

A seca histórica atinge os 62 municípios do Amazonas, segundo a Defesa Civil.

São 598 mil pessoas, a maioria indígenas e ribeirinhos, necessitando de ajuda humanitária, diz o órgão.

Personalidades

O segundo painel homenageia personalidades que constroem narrativas de luta em Manaus. Os artistas usarão como referência quatro personalidades notórias no ativismo social da cidade: Joaquim Melo, livreiro da Banca do Largo, Mafell, DJ, diretora de arte marginal e ativista cultural, e os professores Cláudia Baré e Joilson Karapanã, fundadores da Escola Wakenai, no Parque das Tribos.

O conteúdo do projeto será transmitido em outras capitais do país via projeção. Além disso, a ideia é que a movimentação dos fotógrafos, grafiteiros, colagistas, músicos e ativistas, dialogue com a população do território ocupado pelas atividades em detrimento das pautas e ações que estão sendo debatidas na COP-28.

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Artistas pelo Clima

É uma rede que nasceu de uma iniciativa da Associação Intercultural Hip Hop Urbanos da Amazônia e já reúne quase 100 artistas conectados pela vontade de juntar arte e denúncia, no momento em que a região enfrenta a emergência climática em seus territórios.

A Artistas pelo Clima realiza ações socioculturais e artísticas, que alertam para o descaso que as populações da região amazônica enfrentam diante da seca extrema e de eventos como as queimadas, em especial no estado do Amazonas.

Foto: divulgação