O Boi Caprichoso apresentou o projeto de arena do espetáculo “Cultura- O Triunfo do Povo” para disputa do 57º Festival Folclórico de Parintins.
Em coletiva nesta quinta-feira (28), realizada na Escola de Artes Irmão Miguel de Pascalle, o presidente do Conselho de Artes, Erick Nakanome, disse que o Boi da Francesa vai “falar de nós”, de ser Caprichoso.
De acordo com ele, “a cultura nos faz triunfar”, e é isso que será apresentado durante as três noites na arena do Bumbódromo, “de um boi que feito de pano e de espuma, mas um boi que é feito de muita gente, de luta”.
A partir disso, na primeira noite, o Caprichoso apresenta o subtema “Raízes: O entrelaçar de gentes e lutas”, falando sobre a “nossa ancestralidade”, de acordo com Nakanome.
“Nós sabemos que somos o que somos, porque antes de nós, aqui no arquipelágo das Tupinabarana, e tantos outros povos, estiveram aqui e nós somos resultados desse processo. Um processo não tão vitorioso, um processo de muita dor, de muita resistência, de muita violência, que infelizmente negou a história do povo indígena com uma marca muito triste”, relatou.
Em resumo, a primeira noite mostrará uma Amazônia negro-indígena, “colorida, festiva, para celebrar suas raízes”.
Além disso, ele destacou que a abertura do espetáculo do Caprichoso no Festival de Parintins levará para a arena mulheres como Alessandra Munduruku, Sâmela Sateré, Vanda Witoto, Djuena Tikuna, “para fazermos uma grande exaltação a cultura indígena”.
Na segunda noite, será apresentado o subtema “Tradições: Flamejar da resistência da cultura popular”, que de acordo com Nakanome, é “uma tradição viva que no decorrer do tempo, fez com que esse boi chegasse até hoje em nós”.
Encerrando o espetáculo deste ano, na Terceira Noite, o Caprichoso apresenta, “Saberes: o reflorestar das consciências”, em que o presidente do Conselho de Artes destaca “que hoje nós ousamos, que com os nossos pés e raízes indígenas, com nosso tronco forte caboclo, nós também podemos buscar galhos de saberes pro nosso futuro”.
“Foi dessa sabedoria ensinada pelas nossas vós, pelas nossas mães que permanecem em nós, que nós vamos a partir da fala de Ailton Krenak, falar dessa noite com os nossos saberes, com uma noite que vai reverberar um futuro para humanidade”, explicou Nakanome.
De acordo com ele, o boi Caprichoso não quer deixar um projeto fechado somente para o festival, mas “deixar uma obra aberta, onde a galera vai continuar a partir da sua lógica de consciência”.
Leia mais
Vozes Indígenas na Arena
Liderança indígena, Vanda Witoto disse ao BNC Amazonas , que é importante a presença indígena, “sobretudo de mulheres indígenas nesse espaço, de lideranças indígenas que tem se colocado nessa grande luta em defesa dos nossos direitos, não só dos direitos indígenas, mas o direito pela vida”.
Além disso, ela destacou estar no Caprichoso “é uma sinalização da importância da luta dos povos indígenas”.
Para Vanda Witoto, o festival não é folclórico, “é um festival da cultura amazonense, da cultura dos povos indígenas, da cultura do bumbá”.
“A gente tem que demarcar muito claramente a importância desse festival pra cultura indígena, pra amazônia, porque como foi dito, quem está construindo esse ano o Caprichoso, a importância das nossas vozes nesses espaços”, declarou.
O líder indígena e integrante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Beto Marubo também estará presente no espetáculo do Caprichoso.
Ao BNC Amazonas, ele ressaltou “essa importância de alguém do Vale do Javari, originário do Vale do Javari, está aqui representando algo que já vinha acontecendo, além do protagonismo dos povos indígenas nesse novo contexto, e tantas ações positivas que vem acontecendo hoje nosso país e no festival de Parintins”.
Fotos: BNC Amazonas