O boi-bumbá Caprichoso mexeu ontem (14) num dos últimos resquícios do fanatismo doentio que fundamentou o regulamento do Festival Folclórico de Parintins.
Foi em uma proposta do presidente do bumbá, Rossy Amoedo, ao ensejo da reforma do regulamento da festa.
Essa proposta prevê punir o bumbá que obstruir o deslocamento de alegorias para a arena do bumbódromo.
A última vez que aconteceu isso foi nas duas últimas noites da disputa dos bois, no ano passado.
Garantido e Caprichoso trocaram acusações de não terem retirado alegorias dos portões da arena.
Os episódios atrasaram o espetáculo em mais de meia hora.
Leia mais
Sabotagens do passado
Nos idos de 1970 e início de 1980, sabotagens marcavam tristemente a disputa dos bumbás.
A mais famosa delas ocorreu quando o festival acontecia no estádio Tupycantanhede.
O Garantido fazia sucesso com seu apresentador Paulinho Faria e as criações alegóricas de Jair Mendes.
Jair havia inventado a alegoria da lenda da cobra grande, que engolia gente.
Há anos, o Garantido vinha repetindo o espetáculo. Seu ápice foi o desaparecimento de vários brincastes em pleno palco.
O encanto estava criado. Para onde elas sumiam? Perguntavam-se, admirados, os torcedores, dos dois bumbás.
O segredo da magia, porém, foi lvo de sabotagem por torcedores do Caprichoso.
Isso porque, horas antes da apresentações, eles entraram no estádio e pregaram o alçapão que servia de saída aos devorados.
Resultado: a devoradora cobra de Jair Mendes, passou mal, ruminando as artistas da cênica.
Do limão, a limonada
O problema, porém, foi tirado de letra pelo apresentador Paulinho Faria, à época um garoto.
Mas, Paulinho Faria, ao notar algo diferente, apresentou a situação como parte ensaiado do Garantido.
Na ocasião, disse: “Senhores jurados, os caboclos amazônicos estão conseguindo matar a cobra grande e eles já estão saindo de sua barriga da cobra”.
E pediu aplausos para o delírio da galera.
Foto: BNC Amazonas