Desde a notícia da morte da empresária e ex-item oficial do boi Garantido, Djidja Cardoso, na manhã do dia 28 de maio, em Manaus, a todo instante surgem novidades sobre os prejuízos causados pela seita Pai, Mãe, Vida. Entre elas, a cunhada de Djidja, Audrey Silveira.
Djidja era integrante ativa dessa seita, comandada também por sua mãe Cleusimar e o irmão Ademar Cardoso, presos por ordem judicial neste dia 30.
Conforme a Polícia Civil, a seita que funcionava na casa de Cleusimar e seus filhos usava drogas em seus rituais. Por exemplo, ketamina e nandrolona, citados pela polícia e por familiares dos acusados.
De acordo com depoimento de sua mãe à imprensa, Audrey foi viciada pelo marido Ademar e ficou altamente dependente química. E até hoje luta pela vida internada em hospital de Manaus.
Delegado que comandou neste dia 31 diligências do inquérito aberto após a morte de Djidja, Cícero Túlio disse que Ademar foi responsável, também, por um aborto da agora ex-companheira. “[Ela] era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si”, disse Túlio.
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Nora de Cleusimar
Segundo o delegado, foi desde esse acontecimento com Audrey que as investigações se intensificaram, há 40 dias.
Como consequência, a polícia chegou à clínica veterinária que fornecia as drogas medicamentosas dos rituais da seita.
Audrey teria sido vítima do modus operandi mais usado pelos Cardosos: assédio nos salões de beleza para fazer parte da seita. E a partir daí o uso de drogas como meio para transcender a uma dimensão superior que traria a salvação eterna.
É nesse ponto que Cleusimar assumia o papel da “Virgem Maria”, Ademar o de “Jesus” e a Djidja cabia o de “Maria Madalena”.
Foi o que contou Audrey na delegacia, após ser atraída para a sede da seita e ver Ademar e todos ali consumindo drogas.
Conforme a mãe de Audrey, ao perceber a situação dela, a internou em clínica para tentar livrar a filha da dependência.
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Luta pela filha
Ela acusa Ademar de ter agido contra. Quando não levava droga para Audrey no hospital, ele a retirava do hospital por conta própria.
Uma dessas vezes em que Ademar leva ketamina para aplicar em Audrey no hospital foi há poucos dias da morte de Djidja. Ele foi flagrado pela direção do hospital e o caso foi denunciado à polícia.
“Ele [Ademar] facilitava para que isso acontecesse, porque ela ia para academia e ele ia atrás dela. Meu marido pegou ele com o carro lá perto da academia. A gente ficou sabendo que, no final das contas, ela já nem ia mais para a academia. Ela pegava um uber… eu deixava ela na academia, ela pegava um uber e ia pra casa dele, onde ela passava o tempo, voltava já transtornada de lá”.
De acordo com a mãe de Audrey, a prisão de Ademar e sua mãe é a melhor forma de proteger sua filha e outras vítimas da seita.
“Eu espero que ele fique muito tempo pra pagar, que não é só minha família que está sofrendo. Tenho certeza que tem outras famílias sofrendo, porque eu vi, quinze dias que eu fiquei naquela casa, eu vi como é que eles atuavam. Eles praticamente forçavam alguns funcionários a participar da situação. Como se dissessem: ‘ou tu participa ou tu vai ser demitido’. É mais ou menos por aí”.
Dessas vezes que assistiu Cleusimar, Ademar e Djidja em transe na seita, ela disse lembrar de ter ouvido da mãe do seu genro:
“A mãe do Ademar disse pra mim: ‘Eu sou uma alma pura, eu sou a mãe de Cristo, o Ademar é o Cristo. A gente é puro e tudo vai ficar bem’”.
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Familiares confirmam
Enquanto estava no ar com o programa “Manhã de Notícias”, neste dia 31, o jornalista Ronaldo Tiradentes recebeu mensagem de uma prima de Djidja, que dizia: “Tudo que tá saindo é verdade”.
Segundo essa fonte, já tem mais de um ano dessa atuação da seita. Essa afirmação se junta a várias outras de integrantes dos Cardosos que apontam Cleusimar e sua seita como responsáveis pelo prejuízo causado a várias famílias, inclusive, a própria.
A Delegacia de Homicídios, responsável por apurar as circunstâncias da morte de Djidja, confirmou neste dia 31 que vai avaliar os áudios que denunciam a seita de Cleusimar e filhos como responsável pela morte de sua própria mãe, em junho de 2023, conforme publicado pelo BNC Amazonas .
Foto: Erlon Rodrigues/Secom