Nem bem se refez do terror que foi o massacre de 17 pessoas no bairro da Betânia, na zona sul, há duas semanas, a população de Manaus foi aterrorizada na noite deste sábado, dia 16, por uma nova matança em massa. Cinco membros de uma mesma família foram assassinados no bairro Nova Cidade, na zona norte.
O terror desta vez chegou à casa de uma mãe e seus quatro filhos, entre eles duas mulheres e dois adolescentes, de 14 e 17 anos.
A notícia e as imagens da família assassinada se espalharam nas redes sociais na mesma velocidade com que o pavor e o medo tomavam conta das pessoas.
Manaus, outrora decantada pelo espírito acolhedor e hospitaleiro de seu povo, hoje vive sobressaltada pela insegurança que grassa em todos os seus bairros. É fácil constatar que a sensação do morador da cidade hoje é de que o mando é da bandidagem.
À luz dos índices de criminalidade, refletidos em assaltos e homicídios diários, principalmente, é fácil concordar que Manaus hoje é território de domínio de facções criminosas, pistoleiros e traficantes de drogas. Não fica nada a dever à Medellín de Pablo Escobar e ao México de El Chapo.
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Insegurança pública e visível
O manauense não confia na segurança pública, representada na ponta pela polícia, notadamente a militar, a quem cabe, teoricamente, o papel de prevenir a ocorrência de crime.
Não é à toa que, na segunda fase da pesquisa “A cabeça do manauara”, realizada recentemente pela empresa iMarketing, de setembro, o morador da capital do Amazonas desse uma resposta preocupante à pergunta “Quem ‘comanda’ as ruas de Manaus?”.
De 1.300 pessoas consultadas, a resposta foi estarrecedora: 70,6% disseram que são os bandidos.
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Conceitos ultrapassados
Esse é uma informação alarmante, que bem poderia servir para as forças de segurança do Amazonas reverem seus conceitos.
Afinal, a aporrinhação das operações, blitzes e barreiras que só atrapalham o trânsito e a vida do cidadão, e não prendem uma arma de fogo, um bandido sequer, bem que poderiam ser substituídas por ações de inteligência, de infiltração, de conversa com os moradores. Só com isso já seria possível prevenir muito dessa criminalidade sem paradeiro.
Ninguém mais se satisfaz com a desculpa esfarrapada de que barbaridades como a desta noite no Nova Cidade são da conta do tráfico de drogas. É preciso muito mais.
No dia em que um crime como esse, em que a casa de uma família é invadida no meio da noite por matadores, for solucionado e seus autores apresentados à sociedade, pode ser que as forças de segurança comecem a pensar em resgatar a confiança na polícia. Hoje é zero.
Foto: Divulgação/SSP-AM