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Cheia do rio Negro é a maior da história em volume de água

Anotações de marcas de cheias e secas do rio Negro, no Porto de Manaus, revelam fatos, curiosidades e podem servir de alerta ao poder público

Maior cheia do rio Negro em volume de água Gráfico Arte/BNC Amazonas

Neuton Corrêa, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 11/06/2025 às 14:00 | Atualizado em: 11/06/2025 às 14:43

Ainda que não tenha superado a marca dos 30,02 metros do maior nível de água de sua história, em 16 de junho de 2021, um fenômeno incomum já se observa em 2025 no regime de subida e descida do rio Negro. 

Esse fenômeno diz respeito ao volume de água. Já é possível afirmar que o rio que banha a capital do Amazonas registra, este ano, o maior volume de água de sua história.

Essa afirmação compreende o acompanhamento das cotas diárias de cheias e secas que o Porto de Manaus faz desde 1902.

Isso porque, até esta quarta-feira, 11 de junho de 2025, o rio Negro registrou a marca de 28,79 metros. Isso significa que, após a seca recorde de 2023 – quando atingiu a cota mínima de 12,17 metros –, o rio recuperou 16,62 metros no volume de água em apenas sete meses.

Até hoje, superou em 47 centímetros o maior volume registrado no ano passado, que foi de 16,15 metros.

Curiosamente, esses dois volumes recordes de recuperação de água, no rio Negro, ocorreram após duas vazantes severas.

📈 Acima da média de 123 anos

Para ter ideia do que se está falando, o volume de água deste ano está muito além da média dos 123 anos de medição/monitoramento do rio.

Nesse período, a média de volume de água foi de 10,38 metros. Ou seja: a marca deste ano está 6,24 metros acima da média do período.

👀 Curiosidade

Curiosamente, conforme os dados do Porto de Manaus, as maiores recuperações de água no rio Negro, em 123 anos, ocorreram na última década e meia. 

Esse fenômeno acompanha, no outro extremo, as secas mais intensas desde 2011. Nesse período, a média de recuperação de água se eleva a 12,5 metros. Assim sendo, fica evidente que os fenômenos de seca e cheia neste rio passaram a ser severos no subir e descer das águas.

Secas e cheias severas nos últimos 15 anos

AnoMáximasDataMínimasData Volume
201128,6228/jun16,7610/out14,99
201229,9729/mai15,9627/nov13,21
201329,3314/jun18,8301/jan13,37
201429,503/jul19,928/out10,67
201529,6629/jun15,9228/out9,76
201627,1915/jun17,213/dez11,27
20172905/jun17,3406/out11,8
201828,3823/jun17,0505/nov11,33
201929,4224/jun18,0625/out12,37
202028,5218/jun16,606/nov10,46
202130,0216/jun19,4404/nov13,42
202229,7522/jun16,1928/out10,31
202328,313/jun12,726/out12,11
202426,8516/jun12,174/1116,15
202528,7911/jun

16,62

🚨 Dados podem ser alerta

Ainda que não seja uma cheia como a de 2021, em nível de água, os dados dos últimos fenômenos pode servir de alerta.

Quando o Negro bateu recorde de cheia em 2021, o rio começou a subir no dia 6 de novembro de 2020, a partir de uma lâmina d’água de 16,6 metros. Assim sendo, pode-se ver que o recorde se fez com um volume de 13,42 metros, bem abaixo do volume atual.

Em suma, se esses 16,6 metros se somassem aos 16,62 do volume de água de hoje, todo o Centro de Manaus, por exemplo, ficaria no fundo. Provavelmente, até a Praça do Congresso.

🌊 Fator imprevisibilidade

Não é forçoso conjecturar isso. O Negro, em sua história de cheias e secas, conforme os dados da régua do Porto, possui uma impressionante imprevisibilidade.

Basta ver que, em 1926, a recuperação de água, após uma cheia pequena, o rio somou apenas 4,1 metros de volume recomposto.

Veja os dados completos


Ano

Máximas

Data

Mínimas

Data

Volume
1902

16,7829/nov
190327,5225/jun16.2506/nov10,74
190428.7827/jun17.6905/dez12,53
190526.0722/jun17.5210/out8,38
190626.0105/jun14.213/nov8,49
190727.1909/jun16.4409/nov12,99
190828.9209/jun18.0930/out12,48
190929.1714/jun15.0423/out11,08
191027.8102/jul18.3901/nov12,77
191127.5722/jun16.0823/out9,18
191224.8719/jun19.4230/nov8,79
191328.529/jun21.2414/nov9,08
191428.4417/jun17.512/dez7,2
191527.7327/mai15.6206/nov10,23
191626.6308/jun14.4207/out11,01
191726.7713/jun17.4814/out12,35
191828.7413/jun18.5115/out11,26
191926.3609/jun16.7626/out7,85
192028.5706/jul19.815/dez11,81
192128.9713/jun17.3229/out9,17
192229.3518/jun20.922/nov12,03
192328.1924/jun16.7530/nov7,29
192426.0905/jul17.3101/out8,34
192528.4329/jun17.6716/nov11,12
192621.7705/jul14.5412/out4,1
192727.5615/jun18.7822/out13,02
192828.4915/jun18.1705/out9,71
192928.1420/jun16.9804/nov9,97
193027.6923/jun18.3627/nov10,71
193126.6606/jun17.4813/out8,4
193227.7612/jun17.8730/out10,28
193328.1223/jun16.4225/out10,25
193427.6426/jun21.1625/out11,22
193527.6715/jun16.1505/nov6,51
193626.6420/mai14.9729/set10,49
193726.9119/jun16.1213/dez11,94
193827.9215/jun17.9618/out11,8
193928.0417/jun20.5616/dez10,08
194026.7730/jun19.5814/dez6,21
194127.0928/mai16.221/out7,51
194227.6326/jun17.3423/out11,43
194328.1801/jul16.8406/nov10,84
194428.7922/jun18.1117/nov11,95
194527.0318/jun16.7120/nov9,68
194627.9808/jun17.6205/out11,27
194726.7509/jul19.4924/out9,13
194827.5116/jun15.6918/out8,02
194928.3218/jun20.0802/nov12,63
195028.2517/jun15.7409/nov8,17
195128.4703/jul18.0507/nov12,73
195227.5807/jun17.1430/out9,53
195329.6909/jun17.0731/out9,55
195428.4914/jun17.6318/out11,42
195528.5321/jun16.0324/nov10,9
195627.6523/jun20.8922/out11,62
195727.3309/jul16.5121/out6,44
195827.5829/mai14.7418/out11,07
195927.7130/jun18.6729/out12,97
196027.5521/jun18.3301/nov8,88
196127.1307/jul15.9612/out8,8
196228.3304/jul17.1525/out12,37
196327.3117/jun13.6430/out10,16
196425.9113/jul18.4128/nov12,27
196526.5814/jun16.006/nov8,17
196626.4120/jun16.7611/nov10,41
196727.9119/jun16.1825/out11,15
196827.1304/mai21.0331/dez10,95
196927.426/jun16.8602/dez6,37
197028.3126/jun18.1912/nov11,45
197129.1224/jun21.1408/nov10,93
197228.716/jul20.0210/nov7,56
197328.5706/jul21.1620/nov8,55
197428.4602/jun21.8405/dez7,3
197529.1123/jun19.3228/nov7,27
197629.6114/jun18.0622/nov10,29
197728.4528/jun20.6614/out10,39
197828.1118/jun20.1205/dez7,45
197928.2325/jun17.4422/out8,11
198026.001/jul17.6808/out8,56
198126.8522/jun17.2412/nov9,17
198228.9722/jun18.2802/nov11,73
198326.5206/jun17.0824/out8,24
198428,0318/jun19,5831/out10,95
198526,2701/jul19,7427/nov6,69
198628,1416/jul21,413/out8,4
198727,9109/jun17,9906/nov6,51
198827,7829/jun17,8212/out9,79
198929,4203/jul21,7531/dez11,6
199028,2317/jun16,3202/nov6,48
199128,0605/jul16,0705/nov11,74
199225,4220/mai17,5611/nov9,35
199328,7609/jun19,4727/out11,2
199429,0526/jun19,0626/nov11,49
199527,1629/jun15,0630/out8,1
199628,5419/jun19,1419/out13,48
199728,9610/jun14,3404/nov9,82
199827,5805/jul15,0330/out13,24
199929,324/jun16,9522/nov14,27
200028,6226/jun18,5711/dez11,67
200128,2119/jun16,8131/out9,64
200228,9127/jun17,1931/out12,1
200328,2701/jul19,0111/nov11,08
200427,1312/jun19,2317/nov8,12
200528,101/jun14,7525/out8,87
200628,8409/jun16,8925/out14,09
200728,1821/jun17,7426/out11,95
200828,6219/jun18,4328/out10,88
200929,7701/jul15,8604/dez11,34
201027,9611/jun13,6324/out12,1
201128,6228/jun16,7610/out14,99
201229,9729/mai15,9627/nov13,21
201329,3314/jun18,8301/jan13,37
201429,503/jul19,928/out10,67
201529,6629/jun15,9228/out9,76
201627,1915/jun17,213/dez11,27
20172905/jun17,3406/out11,8
201828,3823/jun17,0505/nov11,33
201929,4224/jun18,0625/out12,37
202028,5218/jun16,606/nov10,46
202130,0216/jun19,4404/nov13,42
202229,7522/jun16,1928/out10,31
202328,313/jun12,726/out12,11
202426,8516/jun12,174/1116,15
202528,7911/jun

16,62
Fonte: Porto de Manaus/SNPH, em 11/06/2025

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