Climatologista lança livro sobre vítimas invisíveis da crise climática

Autora de “Injustiça climática” defende adaptação urgente e denuncia desigualdade como motor da destruição ambiental.

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Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 21/07/2025 às 10:10 | Atualizado em: 21/07/2025 às 10:14

A climatologista Friederike Otto, cofundadora da rede World Weather Attribution (WWA), concedeu entrevista exclusiva a Ariadna Martínez, do site El Salto, por ocasião do lançamento de seu novo livro “Injustiça climática: por que precisamos combater a desigualdade global para combater as mudanças climáticas” (Greystone Books, 2025).

A obra traz uma abordagem contundente sobre as vítimas esquecidas da crise climática, com destaque para países em desenvolvimento.

Friederike, reconhecida mundialmente por liderar análises científicas que ligam eventos extremos às mudanças climáticas, alerta que cada décimo de grau de aquecimento traz mortes e danos crescentes, mas a forma como esses impactos são sentidos está profundamente ligada à desigualdade social e econômica.

Destaques da entrevista

“Quando falamos em 1,5°C como limite, esquecemos que há pessoas morrendo a 1,3°C. E isso já está acontecendo na Amazónia”

“A mudança climática não é uma entidade divina. São as condições sociais que transformam um fenômeno natural em desastre humano”

“Precisamos parar de ver a Amazónia como um ‘pulmão’ e começar a vê-la como um lar — de gente, culturas, sistemas vivos. Proteger a floresta é proteger vidas reais”

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Desastres como consequência

Em sua obra, Friederike percorre histórias de sete países, como Brasil, Madagascar e Paquistão, para demonstrar como desastres naturais são, na prática, consequências de decisões políticas, econômicas e sociais historicamente excludentes.

A autora também alerta para a necessidade de investimentos em adaptação climática, especialmente em regiões vulneráveis como a Amazónia, e convida os leitores a romper com o que ela chama de “narrativa fóssil-colonial”.

Ela se refere ao modelo que perpetua exploração, concentração de poder e invisibilidade das populações atingidas.

Leia a entrevista na íntegra no portal da Unisinos.

Foto: Ronaldo Siqueira/Especial para o BNC Amazonas