Coronavírus e mortes silenciosas nos povos tradicionais do rio Amazonas
Das vinte cidades brasileiras com mais cem mil habitantes infectados e mortos, 14 estão às margens do Rio Amazonas

Ferreira Gabriel
Publicado em: 04/06/2020 às 11:08 | Atualizado em: 04/06/2020 às 11:08
Povos tradicionais do rio Amazonas vivem o cenário de mortes silenciosas pela pandemia do novo coronavírus(covid-19). A princípio, o vírus chegou primeiro nas metrópoles amazônicas. Estas são Iquitos peruana e as brasileiras Belém, Parintins e Manaus, onde existem quase 20 mil casos e 1.500 mortes “oficiais”, mesmo que o número real possa ser muito maior.
“Seguindo o curso do rio, a principal rota de comunicação da Amazônia, e dos vários afluentes, o coronavírus penetrou profundamente na floresta, além das fronteiras do Peru e da Colômbia”, afirmam os missionários.
Conforme reportagem Lucia Capuzzi, publicada por Avvenire, os dados mais recentes divulgados pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), na sexta-feira, falam de mais de 155 mil casos. Bem como, quase 7.500 mortes em toda a região, que abrange nove países.
Destes, 86% dos doentes (quase 134 mil) e 88% das vítimas (mais de 6.600) estão concentrados na Amazônia brasileira. Sobretudo o epicentro da pandemia na América Latina, com mais de meio milhão de infectados e 30 mil mortes.
Das vinte cidades brasileiras com mais cem mil habitantes infectados e mortos, 14 estão às margens do Rio Amazonas. E os números estão crescendo dia a dia. Embora, na maioria das vezes, doentes e mortos na floresta não sejam incluídos nas estatísticas.
No domingo, no final de Regina Coeli, o Papa fez um apelo sincero em defesa da Amazônia e dos indígenas “particularmente vulneráveis”.
A mensagem tocou fundo o povo da região – religiosos, bispos, líderes indígenas. Bem como os cardeais Claudio Hummes e Pedro Barreto. Estes, portanto, que, através da Repam, enviaram um sincero agradecimento a Francisco pela proximidade na tragédia.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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