Covid pega prefeito no AM que criou “centro de tratamento precoce”

No município de Carauari, prefeito fez festa de revéillon para testar o vírus e depois distribuiu remédio contra piolho para prevenir coronavírus

Publicado em: 25/02/2021 às 17:04 | Atualizado em: 25/02/2021 às 20:14

Entusiasta da campanha de “tratamento precoce” do coronavírus (covid) puxada no país pelo presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, o prefeito de Carauari, Bruno Ramalho (MDB), foi parar na UTI contaminado pela doença.

Até esta quarta (24) ele ainda lutava pela vida, respirando por aparelho, mas em hospital de São Paulo. Ele não quis se tratar no hospital de seu município, que não tem UTI, e nem mesmo em Manaus.

Além do prefeito, caíram contaminados o vice-prefeito, a presidente da Câmara Municipal (irmã do prefeito), a mulher de Ramalho, o secretário de Saúde e outros servidores do município.

No final do ano passado, Ramalho promoveu altas aglomerações no município ao convocar a população para as festas de revéillon. Ele queria provar que suas medidas de segurança poderiam barrar a contaminação dos moradores pela covid.

A primeira vítima da inconsequência do prefeito foi o promotor das festas. Ele morreu de covid pouco mais de uma semana depois.

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Remédio de piolho contra covid

Tratava-se, na verdade, de uma malfadada campanha de marketing do “centro de tratamento precoce da covid” que ele criara no município. Ramalho promoveu farta distribuição de remédios inúteis contra o vírus, logo, não recomendados pela ciência. Como a ivermectina, usado contra vermes, piolhos e outros parasitas. 

Conforme o site DeAmazônia, foram pelo menos 20 mil caixas do comprimido “desovadas” na população no dia 18 de janeiro. Depois disso, o prefeito sumiu da cidade, que só foi ter notícia dele já internado em estado grave em São Paulo.

Como resultado do negacionismo do prefeito, Carauari tem hoje mais de 5 mil habitantes contaminados pelo coronavírus, e cerca de 40 mortos.

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Foto: Reprodução/DeAmazônia