Diferentemente da primeira onda, quando o coronavírus (covid-19) ataca mais as pessoas da faixa etária mais elevada, agora é a população mais jovem que sofre as consequências da epidemia.
Conforme perfil clínico dos pacientes hospitalizados, traçado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), os de idade entre 20 e 59 anos representam 76% na taxa de ocupação de leitos.
O estudo foi divulgado nesta sexta-feira (5) e abrange comparação dos períodos de 13 de março a 30 de maio de 2020 (considerada a primeira onda) 13 de dezembro de 2020 a 2 de fevereiro de 2021.
Segundo o perfil, as mulheres são mais atingidas (77%) que os homens (75%).
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Para o diretor-presidente da FVS em exercício, Cristiano Fernandes, a situação é diferente do registrado em 2020.
“Em março, abril e maio do ano passado, estávamos no primeiro pico da doença e a maior proporção de internados era quem tinha 60 anos ou mais. Em 2021, os mais internados são, principalmente, os homens mais jovens”, afirmou.
UTI e letalidade
Ainda sobre as internações hospitalares, o boletim ampliado aponta que em 2020, a maioria das pessoas (81%) que necessitaram de internação em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) apresentavam algum fator de risco.
Nesta segunda onda, apenas 64% das pessoas internadas em UTI apresentavam alguma comorbidade, isto é, mais pessoas sadias estão sendo internadas em leitos de UTI em decorrência da covid-19.
A taxa de letalidade por covid-19, em 2021, é de 5%, isto é, a cada 100 pessoas infectadas, cinco evoluem para óbito.
Essa letalidade é o dobro da média no Brasil, que é de 2,4%.
O boletim ampliado apresenta que a maior proporção dos óbitos por covid-19, registrados no estado, é de pessoas da faixa etária de 60 anos ou mais para ambos os sexos.
No entanto, houve um aumento da proporção de óbitos na faixa etária de 20 a 59 anos que, em 2020, representavam 25% dos óbitos e, atualmente, compreendem 32% no sexo feminino e 39% do sexo masculino.
O peso das comorbidades
O atual cenário epidemiológico também indica que, nesta fase da pandemia, estão evoluindo para óbito por covid-19 mais pacientes sem comorbidades, quando comparados com a primeira onda.
Em 2020, 70% dos pacientes que evoluíram para óbito apresentavam pelo menos uma comorbidade. Em 2021, essa proporção reduziu para 57%.
O perfil de infectados e internados com comorbidades permanece semelhante ao primeiro período analisado, prevalecendo a hospitalização de cardiopatas e pessoas com diabetes mellitus, nas faixas etárias de 20 e 59 e 60 anos ou mais.
O boletim destaca, ainda, o aumento de 6,2% para 9,3% de pessoas com obesidade, na faixa etária de 20 a 59 anos entre os óbitos por covid-19.
Público infantil
Conforme o boletim, a análise comparativa entre os períodos que expôs um aumento de 50% nas hospitalizações em menores de 10 anos de idade.
As 127 internações do primeiro período aumentaram para 190 no segundo período.
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Foto: Altemar Alcantara/Semcom