Debate aponta propostas para retomar turismo na Amazônia

O debate entre entidades e empreendedores busca soluções para amenizar os impactos da pandemia do setor na região.

debate, propostas, turismo, amazonia

Publicado em: 11/06/2020 às 12:06 | Atualizado em: 11/06/2020 às 12:06

O debate virtual “Turismo comunitário na Amazônia em tempos de covid-19”, apresentou soluções para a retomada do setor após a pandemia.

Foram cinco horas de evento com mais de cem participantes, nessa quarta-feira (10).

Alguns deles apontaram soluções para tirar a Amazônia da crise do coronavírus (covid-19. Havia até representante da Europa.

“O início do ano foi muito bom. Estávamos otimistas porque já tínhamos muitas reservas até junho. Recebemos turistas em janeiro e fevereiro, mas aí chegou março e tudo desmoronou. Essa é a pior crise que eu já tive como empreendedor e também como morador ribeirinho”, disse o proprietário da Pousada do Garrido, Roberto Brito.

O empreendimento fica na comunidade Tumbira, na reserva de desenvolvimento sustentável (RDS) do Rio Negro, a 80 quilômetros de Manaus.

 

Roberto Brito conta com a recuperação do turismo na região do Tumbira

 

Outra atividade impactada é a pesca esportiva no Amazonas.

No município de Itapiranga, moradores da RDS do Uatumã, a 227 quilômetros de Manaus, estimam prejuízos significativos.

Somente a pousada El-Shaddai contava com 90 pacotes para a temporada de 2020, mas todos foram cancelados, totalizando uma perda de faturamento estimada em R$ 405 mil.

O webinar foi realizado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em parceria com o Fórum de Turismo de Base Comunitária.

O objetivo foi propor soluções para ajudar empreendedores, colaboradores e profissionais autônomos.

A presidente da Amazonastur, Roselene Medeiros, prevê um retorno das atividades de turismo no Amazonas entre agosto e setembro.

De acordo com ela, o Governo do Estado realiza atividades para o reposicionamento do turismo amazonense em nível nacional e internacional.

“Vamos contratar uma empresa de renome para a criação do plano estadual de turismo, junto com o apoio de lideranças locais e instituições envolvidas com o setor”.

Além disso, segundo Roselene, a empresa vai buscar recursos do governo federal para melhorar a infraestrutura turística.

 

Ações da FAS

Já a superintendente de desenvolvimento sustentável da FAS, Valcléia Solidade, relatou algumas ações da instituição para enfrentar o cenário atual.

Por exemplo, a criação da “Aliança dos povos indígenas e populações tradicionais e organizações parceiras do Amazonas para o enfrentamento do coronavírus”, com o apoio de 73 instituições, que têm promovido diversas doações e atividades no interior do estado e bairros carentes de Manaus.

“Estamos pensando em uma estratégia para reverter esse cenário de crise, levando em consideração todos os protocolos de segurança, melhorando a tecnologia de algumas localidades e viabilizando recursos. Também garantimos em algumas comunidades o acesso aos programas econômicos dos governos estadual e federal”.

 

Linhas de créditos

Entre as soluções econômicas apresentadas no webinar, foi destaque a linha de crédito da Agência de Fomento do Amazonas (Afeam), que pode ser solicitada de forma digital com recurso de até R$ 21 mil para empreendedores cadastrados na Amazonastur e até R$ 1 milhão para grandes empresas do setor de turismo.

“Essa linha de crédito teve redução de taxa de juros e o pagamento prolongado até 2021. Temos recursos e estamos disponibilizando tudo de forma digital para facilitar o acesso”, afirmou o representante da Afeam, Kirk Douglas.

Já o representante do Bradesco, Ivson Barsand, enfatizou o acesso à microcrédito de até R$ 20 mil, realizado de forma rápida, com taxas baixas, através da plataforma digital do banco.

“Também estamos criando gratuitamente sites para ajudar os microempreendedores a venderem seus produtos”, afirmou.

O coordenador de empreendedorismo da FAS, Wildney Mourão, disse que o turismo precisa de ajuda para a retomar as atividades após a pandemia.

“Não temos muitas certezas sobre o cenário atual, mas temos muitas ideias para retomar o turismo de forma forte, estruturado e ainda mais organizado”.

 

Parcerias

O webinar teve a participação das principais instituições envolvidas no assunto como Amazonastur e Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).

Também participaram a Universidade do Estado do Amazona (UEA), Sebrae e Afeam, e Manati Lodge e Pousada do Garrido.

Ainda estiveram presentes o Bradesco, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e a Associação Zagaia Amazônia. Para finalizar a lista, a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta).

 

Porto de desembarque de turistas em uma das pousadas no rio Negro, próximo de Manaus

 

Laboratório de turismo

Como resposta à crise econômica, também foi criado o ‘Laboratório de Turismo Comunitário da Amazônia’.

A iniciativa vai avaliar os impactos socioeconômicos causados pela pandemia nas atividades turísticas. Também será uma forma de apoiar comunidades ribeirinhas, e indígenas do Amazonas.

As ações do laboratório contam com a construção de uma rede colaborativa para discussões sobre o turismo comunitário na Amazônia. São governo, empresas, academia, empreendedores ribeirinhos e ongs.

Além disso, terá a criação de uma plataforma digital de Turismo na Amazônia com dados sobre as atividades turísticas de base comunitária e de pesca esportiva.

 

Fotos: Divulgação