Defesa Civil alerta para estiagem severa no Amazonas
No ano passado, todos os 62 municípios amazonenses entram em estado de emergência, em razão de impactos da estiagem.

Wilson Nogueira, do BNC Amazonas
Publicado em: 10/06/2024 às 05:55 | Atualizado em: 10/06/2024 às 08:15
A Defesa Civil do Amazonas alerta que o território amazonense pode ser afetado por uma estiagem de graus moderado a severo, entre julho e novembro deste ano, com consequências ainda inestimadas para as cidades e áreas ribeirinhas.
Isso porque “não foi observada uma recuperação significativa nos níveis dos rios da Amazônia […] durante a estação chuvosa”, a qual já indica fim em algumas calhas do Amazonas.
É esse o quadro que está disponível a entidades públicas e privadas para que se previnam de desastres humanos e materiais.
A Defesa Civil explica, por meio da Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), em resposta à solicitação deste BNC Amazonas, que o seu papel é o de “alertar” a população e autoridades sobre a iminência de desastres decorrentes da inundação ou da estiagem.
O órgão tem como fonte os boletins meteorológicos que acompanham o clima em nível mundial e local. Entre essas estão a Organização Mundial de Mereologia (OMM), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Companhia de Recurso Minerais (CPRM).
Vidas ameaçadas
Mudanças extremas na temperatura da terra ligadas ao aquecimento e resfriamento das águas do Sul do Pacífico, fenômenos conhecidos, respectivamente, como El Niño e La Niña, sinalizam que vida na terra está cada vez mais ameaçada.
As chuvas e as estiagens, em situação climática equilibrada, são suportáveis e necessárias. Contudo, agora, elas são densas, longas e frequentes. Mais que disso: espalham catástrofes humanitárias por todo o planeta.
O quadro abaixo mostra exemplos que os humanos e outros animais já vivem os abalos crescentes da crise climática.
Crise Climática | |||
Eventos Climáticos Extremos | Localidades | Tragédias | Ano |
Estiagem severa e prolongada | Zimbaue e Botswana, na Africa | Morte de 630 Elefantes | 2023/jan. 2024 |
Estiagem severa e prolongada | Amazonas, Brasil | Morte de ao menos 200 botos | 2023/out. |
Chuva de 256 mm em apenas 24 horas | Dubai, Emirados Árabes | Destruição de casas e infraestrutura urbana | 2024/abr. |
Calor extremo | Tobasco, México | Ao menos 100 macacos morreram em consequência de sede | |
Chuva densa e prolongada | Rio Grande do Sul, Brasil | 172 pessoas mortas e 41 desaparecidas; mais 572.721 desabrigadas | 2024/maio/jun. |
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Atividade humana
Os eventos climáticos extremos, segundo os organismos de mitigação mundial do clima, estão associados às atividades humanas que poluem a terra e sua atmosfera.
Tanto a queima de combustíveis fósseis (derivados de petróleo) quanto a da floresta amazônica são apontadas como a principais fontes destruidoras da camada de ozônio que protege o planeta dos excessos de raios solares.
A vez da La Niña
Cientistas do clima explicam que El Niño afetará o Brasil por ao menos cinco anos, com maior impacto sobre Nordeste.
Os efeitos do La Niña, por sua vez, atingirão o Norte brasileiro com clima úmido e chuvas densas no fim deste ano e no primeiro semestre de 2025.
Qualquer dos fenômenos em condições extremas prejudica a vida dos humanos e a de outros animais, como deslocamentos forçados e mortes.
Efeitos sobre o Amazonas
A Defesa Civil do Amazonas avalia que ambos os fenômenos podem afetar o território amazonense. No entanto, a instituição atribui menor o impacto vindo do La Niña, cujo configuração se dará a partir do mês de julho, com um resfriamento anômalo do oceano Pacífico equatorial.
Mas o impacto do fenômeno na circulação global ou sua interação com a atmosfera, só ocorrerá entre 60 a 90 dias após esse resfriamento inicial.
“Significa que podemos esperar um aumento no volume de precipitação nas cabeceiras dos rios da Amazônia a partir de novembro, quando a estação seca do Amazonas tende a terminar”, acentua a Defesa Civil.
Reações da natureza
Sustenta, ao mesmo tempo, que seu papel institucional é o de alertar tanto a população quanto as autoridades públicas e privadas sobre a iminência de desastres decorrentes da inundação ou da estiagem, como o que faz agora em relação à próxima seca.
Por fim, ao destacar que a “natureza tem sua forma própria de fazer acontecer os eventos”, a Defesa Civil reforça que o que expõe são possibilidades resultadas de análises do seu centro do monitoramento de dados e informações sobre os processos de evolução meteorológicos.
“[…] na primeira observação de situação adversa, alertar a população e poder público para se preparar para o enfrentamento do desastre iminente”, assegura.
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Medidas tardias
Tudo levar a crer que o poder (União, Distrito Federal, Estado e Municípios) estão desarticulados em suas ações ou não levam consideram os alertas da pela Defesa Civil sobre prováveis tragédias causadas pela crise climática.
Há casas no Amazonas em que as populações afetas por secas ou cheias dos rios só recebem ajuda do poder público, inclusive com alimentos, após o término das crises quando não são ignoradas.
Isso leva à constatação, como denunciam entidades de defesa da vida e direitos humanos, de as tragédias climáticas no Amazonas – e, também, no Brasil – são anunciadas previamente, porém negligenciadas pelo poder público.
No ano passado, todos os 62 municípios amazonenses entram em estado de emergência, em razão de impactos da estiagem.
Houve também a proliferação de fumaça nos centros urbanos, inclusive em Manaus, motivada pela queima floresta.
Foto: Ronaldo Siqueira/especial para o BNC