Deputado Delegado Pablo tem bens sequestrados em processo por corrupĂ§Ă£o
Segundo a apuraĂ§Ă£o, o parlamentar teria se aproveitado de informações obtidas em investigações para viabilizar o agenciamento de venda de uma empresa para sua mĂ£e

Publicado em: 24/07/2020 Ă s 08:00 | Atualizado em: 24/07/2020 Ă s 08:02
A Justiça Federal no Amazonas determinou o sequestro de imĂ³veis do deputado federal Delegado Pablo (PSL).
Ele Ă© acusado de corrupĂ§Ă£o passiva, crime contra a ordem tributĂ¡ria e lavagem de dinheiro.
O parlamentar foi eleito em 2018 na onda de apoio a Jair Bolsonaro.
Leia mais
Deputado Delegado Pablo diz que acusações da PF contra ele sĂ£o infundadas
Delegado licenciado da PolĂcia Federal, o deputado é suspeito de ter utilizado seu cargo na polĂcia para praticar ilĂcitos.
Segundo a apuraĂ§Ă£o, o parlamentar teria se aproveitado de informações obtidas em investigações para viabilizar o agenciamento de venda de uma empresa para sua mĂ£e.
Os eventos ocorreram entre 2011 e 2012.
Em maio, ele foi alvo de uma operaĂ§Ă£o de busca e apreensĂ£o.
O processo
Segundo o MinistĂ©rio PĂºblico Federal, o empresĂ¡rio Daniel Tomiasi teria adquirido a empresa SĂ³ Mudas de Eda Oliva Souza, mĂ£e do deputado, por R$ 500 mil.
No entanto, a companhia nunca havia registrado qualquer indĂcio de atividades que justificassem o valor pago, como vĂnculos empregatĂcios, ponto comercial ou clientes.
A empresa nĂ£o tinha sequer autorizaĂ§Ă£o para produzir mudas.
ApĂ³s a sucessĂ£o societĂ¡ria, os novos sĂ³cios nĂ£o contrataram funcionĂ¡rios nem movimentaram recursos.
AlĂ©m disso, mantiveram Pierre Oliva, mĂ©dico e irmĂ£o do deputado, como sĂ³cio, o que fortaleceu a suspeita no MPF de que a negociaĂ§Ă£o da empresa “serviu para ocultar a destinaĂ§Ă£o de valores ilĂcitos” a Pablo Oliva, atualmente deputado federal.
Na condiĂ§Ă£o de novo proprietĂ¡rio, Tomiasi tambĂ©m pagou um dĂ©bito de R$ 116 mil relativo a um imĂ³vel registrado pela SĂ³ Mudas.
ConstataĂ§Ă£o da PF
A PolĂcia Federal constatou que Pablo confeccionou o contrato de aquisiĂ§Ă£o da empresa em sua estaĂ§Ă£o de trabalho, mesmo que, oficialmente, nĂ£o tivesse qualquer relaĂ§Ă£o com o negĂ³cio.
AlĂ©m de ter usado seus familiares para ocultar a propriedade da empresa SĂ³ Mudas, Pablo usou os valores recebidos na construĂ§Ă£o de uma casa, aponta o MPF.
A obra foi intermediada por sua mĂ£e, mas troca de e-mail obtida pela PF mostrou que o beneficiĂ¡rio dela seria Pablo, na casa de quem foram encontrados recibos de entregas de grande quantidade de dinheiro em espĂ©cie sem lastro na Receita Federal.
Leia mais na coluna Painel, da Folha de S.Paulo
Foto: DivulgaĂ§Ă£o