Os dois municípios que mais desmataram a Amazônia Legal, nos primeiros sete meses de 2022, são do estado do Amazonas: Lábrea, com 571 km2 e Apuí, com 566,4 km2.
Em toda a região, o acumulado entre janeiro e julho deste ano foi de 5.463,2 km2. Isso representa um aumento de 7,1% em relação ao mesmo período em 2021.
Embora o Ministério do Meio Ambiente tenha divulgado nesta segunda-feira (8) que o Ibama atingiu 100% da meta de combate ao desflorestamento na Amazônia Legal, o sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) diz o contrário.
O Pará e Amazonas foram os dois estados da Região Norte que tiveram os maiores registros de desmatamento nos primeiros sete meses de 2022.
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No território paraense, foram 3.070 km2 e no amazonense, 2.288,7 km2, somando 62,5% do desmatamento total da Amazônia Legal.
Os cinco municípios que mais desmataram no período representam 28,4% do total desmatado na Amazônia Legal, com 2.440,2 km2 de vegetação nativa destruídos.
As duas áreas de proteção com maior desmatamento registrado são do Pará: a Floresta Nacional do Jamanxim (87,4 km2) e a Área de Proteção Ambiental do Tapajós (85,3 km2).
Ano-Deter
O desmatamento acumulado em 2022 foi três vezes maior que o registrado em 2017, quando foram destruídos 1.790 km2. Desde então, o valor não parou de aumentar ano a ano.
Considerando o ano-Deter, de agosto de 2021 a julho de 2022, o acumulado de alertas de desmatamento foi de 8.579,3 km2.
Apesar de representar uma redução de 2,3% em relação ao mesmo período do ano anterior (8.780 km2), o valor continua no alto patamar dos dois anos anteriores – e é o terceiro pior ano desde o lançamento do Deter-B, em 2015.
Aquecimento global
“A Amazônia é patrimônio de todos os brasileiros: é ela que garante as chuvas que regam 90% das lavouras, abastecem os reservatórios de água potável e os que geram hidroeletricidade no Brasil e em outros países da América do Sul, afirma o diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil, Edegar de Oliveira.
Segundo ele, a floresta e a região estão sob pressão do aquecimento global e perigosamente perto do ponto a partir do qual elas entram em processo de degradação sem volta.
“Quando isso acontecer, todo o país ficará mais seco e mais exposto às crises hídrica, energética e até alimentar, com inflação de alimentos, como já começamos a ver. Cada hectare desmatado nos coloca mais perto desse cenário e é por isso que não podemos admitir que números como estes, que o Deter acaba de divulgar, se repitam”, alerta o diretor do WWF-Brasil.
Desmatamento Cerrado
O Cerrado teve 4.091,6 km2 desmatados entre o início de janeiro e o fim de julho, de acordo com o Sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O valor representa um aumento de 28,2% em relação aos sete primeiros meses do ano passado e é o maior valor acumulado para o período nos últimos quatro anos.
O desmatamento desde o início do ano até 29 de julho foi 50% maior que no mesmo período em 2020, quando atingiu 2.726,1 km2. Desde então, o valor acumulado nos sete primeiros meses do ano não parou de aumentar.
Com o fim do ano-Deter (agosto/21 a julho/22), nesse período, o desmatamento do Cerrado atingiu 5.426,4 km2, um aumento de 11,5% em comparação ao mesmo período no ano passado (4.866,6 km2) e de 38,3% em relação ao ano anterior (3.921,6 km2).
Matopiba
Os estados que mais desmataram no período correspondem ao Matopiba – região que é considerada a principal fronteira de expansão agrícola no Brasil atualmente: Maranhão (1.255,5 km2), Bahia (1.232,0 km2), Tocantins (876,7 km2) e Piauí (691,5 km2).
Com mais de 4 mil km2 desmatados, o Matopiba respondeu por três quartos de toda a devastação no bioma.
Entre os cinco municípios que mais desmataram na região, quatro são da Bahia. Formosa do Rio Preto (BA) lidera o ranking com 283 km2 de vegetação nativa perdida, sendo 99% dessa superfície na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Preto.
Foto: Agência Brasil