Desmatamento na Amazônia cai 62,2%, aponta MapBiomas

Segundo o estudo, em 2023, 97% do desmatamento teve como principal vetor a agropecuária

Amazônia: fazendeiros são condenados por desmatar para criar gado

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas*

Publicado em: 30/05/2024 às 08:58 | Atualizado em: 30/05/2024 às 09:00

O desmatamento na Amazônia reduziu 62,2%, conforme revelado pelo mais recente Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) 2023, divulgado, dia 28/5, pelo MapBiomas.

Em todo o Brasil, a redução do desmatamento foi de 11,6% em 2023, mesmo com um aumento de 8,7% no número de alertas em comparação com o ano anterior.

A divulgação dos dados ocorreu durante evento, em Brasília, e contou com a participação do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e de outras autoridades da área ambiental.

Nas terras indígenas (TI) também foi registrada uma queda de mais de 27%, com a supressão de 20.822 hectares de vegetação nativa em 2023.

Além disso, as Unidades de Conservação (UC) perderam 96.761 hectares de vegetação nativa, marcando uma queda de 53,5% em comparação ao ano anterior.

Nas UC de Proteção Integral, a redução foi ainda mais expressiva, atingindo uma queda de 72,3%.

O RAD, elaborado pelo quinto ano consecutivo, tem como objetivo mapear o desmatamento em diferentes regiões e tipos de propriedades no Brasil.

Segundo o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, os estudos do ano passado mostraram uma mudança significativa no padrão de desmatamento.

Isso representa a primeira redução expressiva no Brasil do volume de desmatamento no país desde quando começamos a fazer o levantamento. Em contrapartida, quando a gente olha para o acumulado desses últimos cinco anos, o Brasil perdeu 8,56 milhões de hectares, isso equivale a duas vezes o estado do Rio de Janeiro”, apontou Azevedo.

O RAD ainda cumpre a função de analisar a ilegalidade e as ações dos órgãos públicos para controlar e reduzir o desmatamento no país.

Segundo o estudo, em 2023, 97% do desmatamento teve como principal vetor a agropecuária, além de 37 mil hectares desmatados pela atividade garimpeira e mais 4,3 mil hectares pela implementação de parques eólicos e solares.

Para o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, a divulgação desses dados é fundamental para direcionar as ações de comando e controle do Instituto.

É de extrema importância termos dados concretos e de qualidade para aprimorar ainda mais nosso trabalho de fiscalização. Isso possibilita uma presença mais efetiva do Ibama nos municípios com a maior taxa de desmatamento, permitindo o embargo dessas áreas, a aplicação de multas e a apreensão de produtos e bens produzidos em locais embargados., ressaltou Agostinho.

Leia mais

Desmatamento cai 11% no país e Cerrado supera Amazônia

Desafios

Apesar dos avanços na Amazônia, o relatório destaca desafios consideráveis, como o aumento do desmatamento nos biomas Cerrado e Pantanal, com elevações de 67,7% e 59,2%, respectivamente.

Pela primeira vez, o desmatamento no Cerrado superou o da Amazônia em termos percentuais, com um total de 1.110.326 hectares desmatados.

Essa área corresponde principalmente a locais na região do Matopiba entre Bahia, Piauí, Tocantins e Maranhão.

O Maranhão saiu da quinta para a primeira posição, com um aumento de 95,1%, totalizando uma perda de 331.225 hectares de vegetação nativa.

No caso do Tocantins, o crescimento foi de 177,9%. Com 230.253 hectares desmatados, o estado foi o terceiro maior desmatador do país em 2023, atrás da Bahia, com 290.606 hectares, um crescimento de 27,5% em relação a 2022.

O ranking dos cinco estados com maior área desmatada no Brasil inclui dois líderes históricos – Pará e Mato Grosso – porém, com sinal invertido: queda de 60,3% no primeiro e de 32,1% no segundo.

O desmate em território paraense foi de 184.763 hectares; no Mato Grosso, 161.381 hectares.

Dessa maneira, essa mudança se refletiu também no tipo de vegetação suprimida.

Em 2023, pela primeira vez, houve o predomínio de desmatamento em formações savânicas, 54,8%, seguido de formações florestais, 38,5%, que predominaram nos quatro primeiros anos do levantamento.

*Com informações do Ibama.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/EBC