Dia do Fogo: Lábrea converte em pasto 91% da área queimada

De acordo com o InfoAmazonia, dos seis estados que mais queimaram a floresta amazônica na ocasião, o Amazonas foi o com maior conversão

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Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 04/08/2023 às 16:35 | Atualizado em: 04/08/2023 às 17:01

O município de Lábrea, a 702 quilômetros de Manaus, foi o que mais transformou em pastagem a área queimada no chamado Dia do Fogo (2019), incêndio criminoso combinado por ruralistas em grupos de WhatsApp.

De acordo com o InfoAmazonia, dos seis estados que mais queimaram a floresta amazônica na ocasião, o Amazonas foi o com maior conversão: 76,71% da floresta queimada virou pasto, enquanto 21,69% seguiu floresta degradada.

Foram 332,43 km² de área queimada em Lábrea, sendo 8% desse total transformadas em áreas de floresta degradada.

Lábrea e Apuí estão entre os dez que mais queimaram floresta no episódio. No caso de Apuí (9º), são 230,12 km², dos quais 84% foram transformados em pastos e 16% em degradação.

O campeão de queimada, no Dia do Fogo, foi São Félix do Xingu (1.095,66 Km²), no Pará. Junto com Altamira e Novo Progresso, no mesmo estado, são responsáveis pela transformação em pasto de 61% de todas as áreas queimadas.

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Novo Progresso é segundo e epicentro da situação. Porto Velho (RO), distante 1,6 mil quilômetros do centro dos acontecimentos, é o terceiro na lista, seguida pela quase vizinho, Lábrea.

“O município de Boca do Acre (AM), localizado a 2,3 mil quilômetros de Novo Progresso e a pouco mais de 200 quilômetros de Rio Branco (AC), é o mais distante entre os vinte com maior área de floresta queimada” diz a análise feita por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

“O fato desses incêndios terem chegado tão longe, a partir de um crime coordenado por grupos de Novo Progresso, só mostra que as pessoas que colocaram fogo na floresta estavam articuladas em maior parte da Amazônia brasileira, especialmente nos estados com alta concentração de terras indígenas e áreas protegidas”, afirmou a diretora de ciência do Ipam, Ane Alencar.

Em todos os estados da Amazônia foram mais de 11,5 mil km² de floresta queimados com o Dia do Fogo. Desses, cerca de 6 mil km² (52,3%) viraram pasto; outros 46,6% deram lugar a uma floresta degradada.

Foto: Reprodução/Twitter/Eliane Brum