Dia dos Povos Indígenas: ministra vê ausência nas políticas públicas
Crise humanitária provocada por Bolsonaro no povo ianomâmi é exemplo dessa exclusão.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 19/04/2024 às 11:30 | Atualizado em: 19/04/2024 às 11:30
Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, vê ausência da participação indígena nas políticas públicas, resultado do abandono, do descaso do Poder Público. O assunto é lembrado hoje (19), Dia dos Povos Indígenas.
“Estamos em um momento de protagonismo dos povos indígenas […], mas, de fato, temos uma questão estrutural, problemas históricos, resultado do abandono, do descaso do Poder Público”, reconhece a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
Conforme a Agência do Brasil, o número de pessoas que se autodeclaram indígenas cresceu no país quase seis vezes entre 1991 e 2022.
Ou seja, período em que representantes de diferentes etnias passaram a ocupar espaços e posições antes inacessíveis e a presença de estudantes indígenas em cursos de graduação e pós-graduação se tornou comum – graças, principalmente, à implementação de uma política nacional de cotas.
No entanto, mazelas seculares, como a violência, a discriminação, as violações aos territórios tradicionais e aos direitos básicos e a precariedade da assistência à saúde e da educação indígena seguem alimentando crises humanitárias como as que vitimam os ianomâmi, na Amazônia, e os guarani e kaiowá, no Mato Grosso do Sul, entre outros povos.
“Temos que consolidar a participação indígena nos espaços onde as políticas públicas são pensadas, decididas e executadas”, propõe Sonia.

Além disso, para a ministra, o reconhecimento da importância da contribuição dada pelas 305 etnias indígenas identificadas no Brasil, bem como o respeito a seus direitos, é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
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A ministra
Nascida na Terra Indígena Arariboia, no sul-maranhense, em 1974, Sonia Bone de Sousa Silva Santos é cria dos movimentos sociais.
Sobretudo, deixou sua comunidade, ainda jovem, para estudar. Formou-se em letras pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema), onde também fez pós-graduação em educação especial.
Dessa forma, atuou em diferentes organizações indígenas, tendo sido coordenadora nacional da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Filiada ao PSOL, foi candidata a vice-presidente do Brasil, em 2018, na chapa encabeçada por Guilherme Boulos.
Por conseguinte, quatro anos depois, tornou-se a primeira indígena eleita deputada federal por São Paulo, com mais de 156 mil votos.
Licenciou-se do cargo para assumir o comando do inédito Ministério dos Povos Indígenas, criado no início da atual gestão federal.
Assim sendo, em 2022, a prestigiada revista norte-americana Time a apontou como uma das 100 personalidades globais mais influentes do ano.
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Foto: Katie Maehler/Flickr/@apiboficial