Em desafio ao poder público, queimadas voltam com tudo ao sul do Amazonas
Ações do Ibama já não inibem grilagem de terras e avanço do agronegócio.

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 28/07/2025 às 10:13 | Atualizado em: 28/07/2025 às 10:13
O sul do Amazonas volta a ser palco de devastação ambiental. No município de Apuí, vídeos recentes denunciam o retorno massivo das queimadas ilegais, com imagens impressionantes de colunas de fumaça cobrindo a floresta. E se há queimada é porque houve desmatamento.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) confirmou nesta segunda-feira (28 de julho) que a nova onda de destruição representa mais uma ofensiva criminosa contra a floresta amazônica.
Apesar das fiscalizações, autuações e embargos realizados pelo órgão federal nos últimos meses, os responsáveis pelos crimes ambientais seguem atuando com ousadia.
Para o Ibama, trata-se de um “desafio direto ao poder público”, impulsionado por interesses fundiários e pelo avanço do agronegócio predatório na região.
As consequências da devastação vão além dos danos à biodiversidade.
Veja o vídeo:
A fumaça tóxica das queimadas já ameaça chegar às maiores cidades do estado, incluindo Manaus, onde mais de 2 milhões de pessoas podem sofrer os impactos da poluição do ar.
A previsão é de aumento nos casos de doenças respiratórias, hospitalizações e até mortes evitáveis, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com comorbidades.
Em nota, o Ibama diz que “não podemos agir sozinhos”. O órgão exige ação coordenada e firme por parte do Ministério Público, Judiciário, governos estadual e federal, além do Congresso Nacional, que recentemente aprovou o projeto de lei 2159, o famigerado “PL da devastação”, com forte apoio dos deputados da própria Amazônia.
Trata-se o “PL da devastação” de uma carta branca dos deputados para fragilizar as regras de licenciamento ambiental e facilitar a expansão do agronegócio, mineração, grilagem de terras e outras atividades contra o meio ambiente.
A ofensiva contra a Amazônia não é apenas uma questão ambiental. É um ataque direto à vida, que expõe a negligência institucional diante de um cenário de emergência climática global. O que está em curso em Apuí não é apenas o avanço do desmatamento, mas também é a omissão diante da destruição de um dos maiores patrimônios naturais da humanidade.
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Fotos: Ibama/divulgação