Em Parintins, projeto ‘Bananitas’ aumenta renda familiar de mulheres

O projeto mostra como a organização comunitária ajuda no sustento das famílias e dá força coletiva às mulheres trabalhadoras

13/07/2022 17:55

Arnoldo Santos, especial para o BNC Amazonas

Grupo de mulheres ganham força com o projeto 'Bananitas'

Desde 2019, a comunidade produtora de Santo Antônio do Murituba, distrito de Parintins, no interior do Amazonas, mantém o projeto ‘Casa de Beneficiamento das Bananitas’ (foto abaixo) e usa a produção agrícola consorciada para reutilizar áreas desflorestadas. Porém, mais do que aumentar a renda da família, o projeto tem dado força às mulheres diante de um mercado historicamente de preponderância masculina.

O nome é uma alusão ao produto principal colhido pelas 35 famílias participantes do projeto, mas que plantam diversas outras culturas, de maneira consorciada, em áreas degradadas.

Casa de Beneficiamento. Acima, produzindo polpas de acerola e cupuaçu

Reconhecimento

A força coletiva das mulheres, trabalhadoras rurais da comunidade, simbolizada pelo grupo de participantes do projeto ‘Bananitas’, já prova do reconhecimento.

O olhar externo já vê no grupo a representatividade comunitária. Como conta a agricultora Maria Denise Nunes, participante do projeto.

“Acho que mudou muita coisa e para os comunitários também, que a nossa comunidade ela foi vista de outra forma com outro olhar na sociedade. Nos órgãos onde a gente chega, a gente é bem atendido (sic). Nós mulheres do grupo que fazemos parte, nós éramos vistas de uma outra forma, agora com o projeto mudou muita coisa. Somos mais valorizadas. Nós não ganhamos cem por cento, mas que melhorou muito mudou nossa renda que nós conseguimos ajudar mais nossa família”, testemunha a agricultora Maria Denise (foto abaixo).

Agricultora Maria Denise, participante do projeto ‘Bananitas’

O formigão

Cada família usa o seu pedaço de terra para contribuir com a casa onde os produtos são beneficiados.

Na casa de beneficiamento, eles produzem polpa de cupuaçu, acerola, goiaba, graviola e taperebá.

Milho e macaxeira são descascados e embalados. Eles também plantam outras culturas, como melancia, jerimum e feijão, por exemplo

Na comunidade, eles fazem o plantio como forma de reflorestamento sustentável.

Santo Antônio do Murituba fica a 36 quilômetros por estrada até ao distrito de Vila Amazônia, onde os produtores pegam a balsa para uma viagem que dura cerca de 40 minutos até Parintins. A cada 15 dias, eles vendem tudo em uma das feiras da cidade.

O caminhão que leva os produtos para Parintins foi batizado de “formigão” (foto abaixo).

A cada remessa, eles levam uma média de 3 toneladas de produtos variados. O transporte é dado pela secretaria de produção agrícola de Parintins.

O “Formigão”, cheio dos produtos da comunidade de Santo Antônio do Murituba, Parintins (AM)

Apoio externo

O grupo de fortalecimento da agricultura familiar da comunidade se organizou em 2016, mas a casa de beneficiamento só foi concluída em 2019.

Como explica a produtora rural e coordenadora do grupo, Marta Bentes.

“Conseguimos o apoio do Instituto Juruti Sustentável e em 2019 concluímos nossa casa de beneficiamento graças ao esforço de todas as famílias envolvidas no projeto que participavam do “formigão”, que era uma feira itinerante que acontecia nas cidades de Parintins e Juruti-PA, fonte do aumento considerável da renda dos produtores que começaram a agregar valor ao seu produto vendendo direto ao consumidor”.

O ‘Bananitas’ vem ganhando apoio de órgãos de todas as esferas. O Ifam (Instituto Federal do Amazonas) e a Prefeitura de Parintins apóiam com técnicos agrícolas e logística.

O Governo do Estado, por intermédio da Sepror (Secretaria de Produção Rural), anunciou a melhoria das estradas da Vila Amazônia, em junho.

O projeto tem parceria também com a ADS, Agência de Desenvolvimento Sustentável, e com Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que dá assistência técnica e gerencial na área de fruticultura.

“Ainda não estamos satisfeitos, temos ambições maiores que com o passar dos anos só aumentam e por isso. Sempre estamos buscando apoio e parcerias para colaborar com nosso objetivo”, disse Marta.