Ribeirinhos denunciam falta de alimento e água na estiagem no AM
A estiagem no Amazonas agrava a crise, com ribeirinhos denunciando a falta de alimentos e água.

Diamantino Junior
Publicado em: 23/11/2023 às 12:21 | Atualizado em: 23/11/2023 às 17:16
Moradores de comunidades ribeirinhas e flutuantes encalhados às margens do Rio Negro, no Amazonas, denunciam o que consideram um “abandono” por parte do poder público local e estadual. A falta de recebimento de cestas básicas, acesso à água potável e energia elétrica são algumas das dificuldades enfrentadas.

Desafios
Segundo relatos obtidos pela Agência Brasil, alguns moradores estão enfrentando dificuldades extremas para conseguir se alimentar, chegando a passar fome. Além disso, a acessibilidade para deixar as áreas ribeirinhas e buscar suprimentos nas regiões urbanas, como a metropolitana de Manaus, é um obstáculo adicional.
Condições precárias em flutuantes
As famílias que vivem em flutuantes encalhados, particularmente na região conhecida como “ilhas,” do outro lado da ponte Jornalista Phelippe Daou, estão em situação de privação. Muitos não têm acesso à energia elétrica, água encanada e não recebem as cestas básicas anunciadas pelo poder público municipal e estadual.
Relatos de moradores
Francisco Aldir Ferreira, comerciante de 51 anos, destaca a falta de água encanada para cerca de 80 famílias em sua área. Ele menciona a luta constante por recursos básicos e a falta de suporte por parte das autoridades locais.
A vendedora autônoma Onete Moraes, 31 anos, expressa a complicada situação da água, a escassez de alimentos e a dificuldade de locomoção devido à seca. Em resposta, alguns moradores iniciaram uma ocupação em área seca, pressionando a prefeitura por moradias adequadas.
Caminhadas longas
Em locais como Ilha Iranduba, Ponta da Piraíba, Alagadiço, entre outros, a situação é mais drástica. Moradores enfrentam a falta de energia, acesso difícil à água potável e caminhadas exaustivas de mais de uma hora em meio ao leito lamacento do Rio Negro.
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Adriano Rodrigues, pescador de 38 anos, relata as dificuldades de obter água, a ausência de luz por cerca de dois meses e a perspectiva sombria de desencalhar flutuantes apenas em janeiro.
Críticas à ausência do poder público
Raimundo Lucas da Silva, pescador de 61 anos, critica a ausência do poder público, mencionando uma única entrega de cestas básicas e a falta de suporte para infraestrutura básica, como a escavação para permitir a passagem de canoas.
Cenário em Manaus
Na zona rural de Manaus, a comunidade Nossa Senhora De Fátima, com cerca de duas mil pessoas, enfrenta problemas semelhantes, incluindo deslocamento dificultado e falta de recebimento de cestas básicas.
Lázaro Furtado de Santos, vice-presidente da Associação dos Moradores, destaca as dificuldades da população local, que luta para manter o sustento e se alimentar.
A Agência Brasil tentou contato com a prefeitura de Iranduba, mas até o momento não obteve retorno. A situação reflete uma emergência humanitária complexa, exigindo ação imediata e coordenada para atender às necessidades urgentes dessas comunidades ribeirinhas.
Foto: Ronaldo Siqueira/especial para o BNC