Estudo aponta efeitos do desmatamento em terras do rio Solimões, no AM
O projeto, apoiado pela Fapeam, estima prejuĂzos Ă s margens das bacias hidrogrĂ¡ficas do Amazonas

Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas
Publicado em: 15/03/2023 Ă s 12:34 | Atualizado em: 15/03/2023 Ă s 18:22
A partir de um sistema de informaĂ§Ă£o geogrĂ¡fica, pesquisadores produziram estimativas dos efeitos do desmatamento Ă s margens da bacia hidrogrĂ¡fica do rio Solimões no interior do Amazonas. Os estudos se concentraram nos municĂpios de TefĂ© e AlvarĂ£es.
Conforme o Governo do Estado, o projeto teve apoio por meio da FundaĂ§Ă£o de Amparo Ă Pesquisa do Amazonas (Fapeam), via Programa de Apoio a PĂ³s-Doutores (Prodoc).
O modelo considerou diversas variĂ¡veis, entre as quais, relevo, tipos de solo, altitude, precipitaĂ§Ă£o de chuvas e declividade dos terrenos. Dessa maneira, foi possĂvel estimar possĂveis cenĂ¡rios de mudanças do uso da terra e vulnerabilidade das paisagens para as prĂ³ximas dĂ©cadas.
De acordo com coordenador do estudo, JoĂ£o CĂ¢ndido, doutor em geografia e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), uma das variĂ¡veis usadas sĂ£o os dados jĂ¡ existentes sobre o desmatamento nos Ăºltimos anos.
É possĂvel verificar as mudanças do uso da terra em um determinado perĂodo, entĂ£o analisamos de 2010 a 2021 para observar o que foi desmatado nesse perĂodo. A partir disso, consideramos outras variĂ¡veis, e implementamos no modelo o que Ă© chamado de peso de evidencias, para analisar a relaĂ§Ă£o de cada uma dessas variĂ¡veis com o desmatamento, afirmou CĂ¢ndido.
Bacias no Solimões
Segundo o pesquisador, os modelos sĂ£o estimativas hipotĂ©ticas baseadas em dados observados e podem ser utilizados para compreender a evoluĂ§Ă£o e as consequĂªncias do desmatamento nessas regiões.
E com isso, direcionar polĂticas pĂºblicas que visam combater a degradaĂ§Ă£o ambiental na AmazĂ´nia e promover o uso racional da terra.

Os dois locais analisados no estudo foram as bacias do igarapĂ© Agrovila, em TefĂ© (a 523 quilĂ´metros de Manaus), e do igarapĂ© JarauĂ¡, em AlvarĂ£es (a 531 quilĂ´metros), na regiĂ£o do mĂ©dio rio Solimões.
O modelo de cenĂ¡rios futuros foi realizado com o auxĂlio do software DinĂ¢mica EGO, desenvolvido pelo centro de sensoreamento remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), parceira do projeto.
A importĂ¢ncia desses modelos Ă© justamente para repensar alguns tipos de uso da terra, e demonstrar como algumas Ă¡reas podem ser melhor aproveitadas para determinados tipos de uso, e outras serem prioritariamente preservadas por conta do grau de vulnerabilidade observado, disse CĂ¢ndido.
Conforme o pesquisador, nĂ£o Ă© somente o desmatamento que pode comprometer a vulnerabilidade da paisagem nas bacias hidrogrĂ¡ficas analisadas.
A sua associaĂ§Ă£o aos elementos naturais e processos dinĂ¢micos da natureza tambĂ©m contribuem.
CĂ¢ndido ressalva, contudo, que os dados gerados pelo modelo sĂ£o baseados em tendĂªncias e estĂ£o sujeitos a alterações.
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Fotos: Érico Xavier/Secom