Explode desmatamento em terras indígenas na área da Belo Monte

Neuto Segundo
Publicado em: 26/09/2018 às 10:19 | Atualizado em: 26/09/2018 às 10:19
Índios das terras indígenas (TIs) Ituna/Itatá e Apyterewa sofrem com o avanço da grilagem e invasões. Em agosto, mais de 1.700 hectares foram desmatados nos territórios, um aumento de 800% em relação ao mês anterior
À revelia de denúncias, ações de fiscalização, pressão dos povos indígenas e seus parceiros, o desmatamento nas terras indígenas Apyterewa e Ituna/Itatá, ambas no Pará, avança vertiginosamente. Apenas em agosto, uma área de 1.765 hectares de floresta foi destruída no interior das áreas protegidas, um aumento de 800% em relação ao mês anterior.
Localizadas na área de influência da usina hidrelétrica de Belo Monte, um plano de proteção territorial deveria ter sido implementado em 2011, antes da instalação da usina. A construção de bases de proteção e a retirada de ocupantes não indígenas das áreas, parte dessa condicionante, ainda não saíram do papel.
Além disso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão responsável pela fiscalização nas terras indígenas, não conta com efetivo suficiente na região para combater a grande quantidade de atividades ilícitas.
Os dados foram detectados pelo Sirad X, o sistema de monitoramento de desmatamento desenvolvido pelo ISA. Em agosto, foram registrados 15.155 hectares de floresta destruída na bacia do Xingu, entre os estados do Pará e Mato Grosso, 36% a mais do que em julho.
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Desintrusão pode barrar desmatamento
A TI Apyterewa, de posse ancestral do povo Parakanã, sofre fortes pressões vindas do eixo Tucumã-São Félix do Xingu. Apenas em agosto foram desmatados 885 hectares, quantidade de desmatamento superior à de todo o ano de 2017.
Esse número coloca a área protegida no topo do ranking das terras indígenas mais desmatadas na bacia do Xingu em agosto.
Após um período de fortes invasões que começou em 2003, houve uma diminuição da pressão a partir de 2012. Essa data coincide com o início das iniciativas de desocupação dos ocupantes não indígenas, que culminaram em uma primeira desintrusão em 2016.
Em setembro de 2017, a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai), o Ministério da Justiça prorrogou por mais quatro meses o emprego da Força Nacional para dar continuidade às operações de desintrusão.
Até o momento, no entanto, a desocupação dos não indígenas não foi finalizada.
Isolados correm perigo
A ação de grileiros e desmatadores voltou com força na terra indígena Ituna/Itatá, morada de indígenas isolados. De 3 hectares detectados em maio, o número pulou para 880 hectares em agosto.
Desde o início do ano, 1.863 hectares de floresta foram destruídos, com um total de 71 polígonos de desmatamento.
A terra localiza-se a menos de 70 quilômetros do sítio Pimental, principal canteiro de obras de Belo Monte, e a destruição das florestas vem aumentando exponencialmente desde 2011, início da construção da usina.
A reportagem completa de Isabel Harari, publicada por ISA, pode ser lida no portal da Unisinos.
Foto: Divulgação/Funai