Fazendeiros campeões de desmatamento na Amazônia seguem impunes
Multas milionárias aplicadas pelo Ibama pelos crimes ambientais nunca foram pagas pelos fazendeiros

Ferreira Gabriel
Publicado em: 08/04/2022 às 12:39 | Atualizado em: 08/04/2022 às 12:39
Dez fazendeiros que mais desmataram áreas da Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020, seguem impunes, portanto, nenhuma das milionárias multas aplicadas a eles pelo Ibama, já foi quitada.
Os débitos dos campeões do desmatamento àquela época somavam 192 milhões de reais – e houve quem tomasse mais multas de lá pra cá.
A falta de punição efetiva, como mostrou Veja, é resultado da lentidão da burocracia e de recursos quase infindáveis que empurram por anos as discussões, até a prescrição dos crimes.
Só 3% das infrações emitidas pelo Ibama no país são efetivamente cobradas.
No sistema de consulta de autuações ambientais e embargos do Ibama, a maioria das multas desses desmatadores consta com status “para homologação/prazo de defesa”.
É o caso do fazendeiro Édio Nogueira, de Paranatinga (MT), que acumula uma multa de 50 milhões de reais e outra de 2 milhões de reais, ambas lavradas em março de 2020.
Dono da Fazenda Cristo Rei, vizinha ao Parque Nacional do Xingu, Nogueira é processado por ter ceifado quase 24.000 hectares de mata nativa, o equivalente a 22.000 campos de futebol.
Ainda em Paranatinga, o vice-campeão da lista elaborada por VEJA, Ilto José Mainardi, também não pagou os 33,3 milhões de reais da autuação feita em setembro de 2019 por desmatar 4.441 hectares.
O débito, segundo o sistema do Ibama, está em fase de “análise administrativa/mérito de impugnação/defesa”.
No mesmo estágio estão multas de 8,8 milhões de reais à São Manoel Agrícola LTDA, de Tatarugalzinho (AP), e uma de 3 milhões de reais a Danillo Silva Canedo, de São Félix do Xingu (PA).
Canedo também foi multado em 11,4 milhões de reais em outro processo, que aguarda “nova homologação, devido a alterações”, assim como a autuações que somam 10 milhões de reais a Gilberto de Assunção Pereira, de Garrafão do Norte (PA).
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Foto: Caio Guatelli/Reprodução/ Veja