Festival de Cirandas é exaltação ambiental, ancestral e cultural da Amazônia

De sexta a domingo, Guerreiros Mura, Tradicional e Flor Matizada apresentam espetáculos que unem arte e defesa da Amazônia

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 26/08/2025 às 15:35 | Atualizado em: 26/08/2025 às 17:29

O 27º Festival de Cirandas de Manacapuru, considerado o segundo maior evento folclórico do Amazonas, chega à reta final de preparação e promete três noites de arena tomadas por cores, música e narrativas que exaltam a ancestralidade e a luta pela preservação da floresta.

O espetáculo acontece de 29 a 31 de agosto, no parque do Ingá, o tradicional cirandódromo, com apresentações das agremiações Guerreiros Mura, Tradicional e Flor Matizada.

Realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, o festival deve atrair mais de 70 mil pessoas nos três dias.

Cada ciranda levará à arena um enredo que mistura história, arte e reflexão sobre desafios socioambientais da Amazônia.

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Guerreiros Mura e o “Segredo das águas”

A primeira a se apresentar, na sexta-feira (29), será a Guerreiros Mura, que busca o bicampeonato com o tema “Estiagem e alagação: o segredo das águas”.

Inspirada na cosmologia indígena e no imaginário caboclo, a narrativa interpreta fenômenos que marcam a vida amazônica, como a seca prolongada, a morte dos peixes e os desequilíbrios ambientais nos ciclos dos rios.

Com 54 pares de cirandeiros, o espetáculo pretende unir poesia, ancestralidade e denúncia ambiental.

“Os contos, mitos e lendas não são apenas narrativas: são ferramentas que ajudam a compreender os encantamentos e os mistérios da vida amazônica”, disse a comissão de artes.

Tradicional ergue o grito das águas

No sábado (30), é a vez da ciranda Tradicional defender “Sapucaîa’y – O grito que vem das águas”, um enredo que reverencia a mãe-d’água como fonte de vida e resistência.

Segundo o diretor artístico Thyago Cavalcante, a montagem denuncia as ameaças das mudanças climáticas e da exploração predatória, mas também reafirma a força dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos.

Em cena, o público verá um conjunto grandioso: 100 cirandeiros no cordão principal, outros 100 em cordões alternativos e 40 no cordão de entrada. Serão 18 módulos alegóricos, produzidos por uma equipe de cerca de 30 artistas e artesãos, reforçando o impacto visual da apresentação.

Flor Matizada e a “Amazônia cirandeira”

O festival se despede no domingo (31) com a ciranda Flor Matizada, que apresentará o tema “Amazônia: sonho e luta cirandeira”.

A narrativa acompanha um casal de cirandeiros-mirins que, com a licença da Mãe da Mata, viaja pela floresta em busca dos poderes necessários para preservar a tradição.

“O espetáculo fala de resistência, da ligação da ciranda com os animais, a fauna, a flora e a urgência de proteger o bioma diante das mudanças climáticas severas”, disse o diretor cultural Gaspar Fernandes.

Na arena, serão 160 cirandeiros no cordão e 25 módulos alegóricos, combinando estruturas fixas e móveis.

Resistência amazônica

O Festival de Cirandas de Manacapuru não é apenas um espetáculo de dança e música, mas também um palco de resistência cultural e ambiental.

Em cada coreografia, alegoria e canto, a arena ecoará um chamado pela preservação da Amazônia e pela valorização das tradições que moldam a identidade do povo ribeirinho.

Foto: Reprodução