Os atores políticos amazonenses são unânimes em defender as vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus (ZFM) com base na sua importância para a preservação da floresta amazônica.
Levantamento inédito sobre a cobertura e uso da terra no país, realizado pelo MapBiomas entre 1985 a 2022, reforça esse discurso.
De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (31/8), o Amazonas e o Amapá são os estados com maior proporção de vegetação nativa do país, ambos com uma taxa de 95%. Roraima vem logo atrás com 93%.
Em 1985, o Amazonas possuía 97% da cobertura vegetal preservada, ou seja, houve uma taxa de redução de 2% nos últimos 38 anos. No caso do Amapá essa taxa foi de 3% e de Roraima 5%.
Para se ter uma ideia, o Pará em 1985 possui uma taxa de cobertura vegetal nativa da ordem de 93%, sendo que reduziu para 77%.
Na Amazônia, outro dado preocupante é sobre Mato Grosso, a potência do agronegócio. Em 1985, o estado possui 85% das florestas nativas contra 66% atualmente.
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Já os estados com menor proporção de vegetação nativa são Sergipe (16%), Alagoas (20%) e São Paulo (21%).
Nesse período, o estudo apontou o avanço do arco do desmatamento com forte expansão agrícola: no oeste da Amazônia, a fronteira entre Amazonas, Rondônia e Acre, conhecida como Amacro.
Na região, o uso agropecuário aumentou dez vezes nos últimos 38 anos, chegando a 5,3 milhões de hectares, que equivalem a 21% da área do território.
Vegetação nativa
Os dados do MapBiomas mostram uma perda de 96 milhões de hectares de vegetação nativa no país, uma área equivalente a 2,5 vezes a Alemanha. A proporção de vegetação nativa no território caiu de 75% para 64% no período.
Esse processo se deu mais fortemente na Amazônia e Cerrado, onde 52 milhões de hectares (equivalente à área da França) e 31,9 milhões de hectares foram antropizados [resultante da intervenção humana] nesse intervalo.
Proporcionalmente à vegetação existente em 1985, os biomas que mais perderam vegetação nativa até 2022 foram o Cerrado (25%) e o Pampa (24%).
As imagens de satélite mostram relação forte da dinâmica de ocupação de solo de agricultura e de pecuária.
Entre 1985 e 2022, 72,7% dos 37 milhões de hectares do crescimento da área de agricultura no Brasil se deram sobre áreas já antropizadas, especialmente pastagens.
Apenas 27,3% das áreas convertidas para lavoura temporária são provenientes de vegetação nativa, com destaque para o Pampa, a fronteira da Amazônia com Cerrado e a região do Matopiba.
No caso da pastagem, a situação é oposta: mais da metade (55,8%) das áreas convertidas para pasto são provenientes de vegetação nativa.
Foram 64 milhões de hectares de vegetação nativa convertidas para pastagens. Outros 5,4 milhões de hectares (mais do que o estado do Rio de Janeiro) foram convertidos de vegetação nativa para pastagem e depois para agricultura.
Foto: TV Brasil