Há cerca de um ano, quando o governo federal decretou emergência em saúde pública na Terra Indígena Ianomâmi , o maior território indígena do país, uma mulher Ianomâmi, de 33 anos, morreu vítima de desnutrição grave em Roraima.
Mãe de duas crianças, à época também doentes , ela foi uma dos 308 Ianomâmi que perderam a vida no ano passado por conta de doenças tratáveis.
Dados do Ministério da Saúde mostram que as ações para combater a desassistência aos Ianomâmi impactaram na queda de apenas 10% nos casos fatais se comparados ao ano de 2022, quando 343 indígenas morreram. A redução, no entanto, não é suficiente e os indígenas ainda cobram o fim do garimpo ilegal na região e avanços eficazes na saúde do povo.
“Ainda tem muitos garimpeiros na Terra Yanomami, muita morte. O governo federal tem que retirar os garimpeiros da Terra Yanomami para melhorar [a situação], com isso vamos recuperar a saúde, a vida das crianças e das mulheres”, afirmou Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Ianomâmi, a mais representativa organização desse povo.
Imagens registradas na última semana de dezembro de 2023 e no início deste mês de janeiro, quando a crise completa um ano, mostram crianças e adultos vítimas de desnutrição, uma das doenças que mais acometem os indígenas dentro da TI Ianomâmi.
Meninos e meninas, de idades variadas, aparecem nas imagens com baixo peso, ossos aparentes à pele, sem massa muscular e que mal conseguem se manter de pé, internadas no posto de saúde de Surucucu, unidade referência em saúde no território.
O território é alvo há décadas do garimpo ilegal, mas a invasão se intensificou nos últimos anos. A atividade impacta diretamente o modo de vida dos povos originários, isto porque a invasão destrói o meio ambiente, causa violência, conflitos armados e poluição dos rios devido ao uso do mercúrio.
Além de destruir o meio ambiente, a invasão de garimpeiros impacta no aumento de doenças dentro do território. Isso, em conjunto com a escassez de recursos naturais essenciais à sobrevivência dos indígenas na floresta, resulta na morte dos Ianomâmi, principalmente dos mais vulneráveis: as crianças.
“Malária tem cura, pneumonia tem cura. E mesmo assim os Yanomami continuam morrendo. Isso a gente não entende”, afirmou o líder Dário Kopenawa.
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Foto: Divulgação/Exército