Garimpo ilegal na AmazĂ´nia lucra R$ 44,6 bi e deixa prejuĂ­zo de R$ 39 bi

O meio ambiente amazĂ´nico foi a principal vĂ­tima da exploraĂ§Ă£o de ouro em 2021

Foto de Silas Laurentino registro sobre garimpo na comunidade Rosarinho em Autazes

Publicado em: 08/09/2022 Ă s 11:55 | Atualizado em: 08/09/2022 Ă s 12:16

Promotores avaliam que o garimpo ilegal causou entre janeiro de 2021 e junho de 2022 um custo de R$ 39 bilhões em prejuízos socioambientais e lucro, no mesmo período, de R$ 44,6 bilhões, segundo estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

JĂ¡ os impostos arrecadados pelo governo com a mineraĂ§Ă£o do ouro representam menos de 2% do valor dos prejuĂ­zos.

A alta valorizaĂ§Ă£o do ouro no mercado internacional alimentou o crescimento da mineraĂ§Ă£o ilegal no Brasil, em grande parte na AmazĂ´nia, de acordo com o levantamento divulgado nesta terça-feira (6).

A mineraĂ§Ă£o de ouro no Brasil, 14º maior produtor mundial do metal no ano passado, disparou desde que a pandemia de covid-19 levou os preços internacionais a nĂ­veis recordes.

Das 112 toneladas de ouro produzidas no Brasil em 2021, pelo menos 7% eram de origem ilegal e 25% de origem potencialmente ilegal, segundo a UFMG.

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“De 2020 para 2021 houve um aumento de 44% na quantidade ilegal de ouro” produzida no paĂ­s, afirma a pesquisa, que constata uma tendĂªncia similar nos primeiros seis meses de 2022.

Os altos preços estĂ£o alimentando a corrida pelo ouro na AmazĂ´nia brasileira, onde o desmatamento para mineraĂ§Ă£o atingiu um recorde de 121 km² no ano passado, segundo o sistema de monitoramento por satĂ©lite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O estudo da UFMG revela que pelo menos 23% do desmatamento para mineraĂ§Ă£o na AmazĂ´nia, bioma considerado fundamental para conter as mudanças climĂ¡ticas, ocorre dentro de reservas indĂ­genas, Ă¡reas de conservaĂ§Ă£o ambiental e outras terras protegidas por lei.

Garimpeiros ligados ao crime organizado sĂ£o acusados de inĂºmeros abusos em comunidades indĂ­genas, incluindo envenenamento de rios com o mercĂºrio usado para separar ouro de sedimentos e, Ă s vezes, ataques mortais a moradores.

O estudo indica que 98% da mineraĂ§Ă£o ilegal de ouro no Brasil estĂ¡ concentrada em trĂªs municĂ­pios do norte do ParĂ¡, afetando principalmente terras indĂ­genas dos povos KayapĂ³ e Munduruku.

Junto Ă  crescente pressĂ£o internacional enfrentada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) devido Ă  destruiĂ§Ă£o acelerada da AmazĂ´nia, procuradores federais entraram com recursos judiciais para exigir que o governo adote controles mais rigorosos para combater a mineraĂ§Ă£o ilegal.

“Na AmazĂ´nia, a gente tem um prejuĂ­zo que Ă© coletivizado, socializado e o lucro dessas operações se concentrando em poucos atores”, afirmao engenheiro Bruno Manzolli, principal autor do estudo da UFMG.

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Foto: Silas Laurentino