Governador anuncia força-tarefa federal contra queimadas no Amazonas

Wilson Lima enfatiza que a união entre as esferas de governo é fundamental para diminuir os impactos causados pela estiagem

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 22/08/2024 às 17:09 | Atualizado em: 22/08/2024 às 17:09

O governador do Amazonas, Wilson Lima, considera positiva a estratégia do governo federal de concentrar as ações de combate às queimadas em 21 municípios que concentram 50% dos focos de incêndios na Amazônia.

Lima participou de reunião nesta quarta-feira (21), em Brasília, entre integrantes do governo e governadores e representantes dos nove estados amazônicos e do Pantanal, na qual foi anunciada as ações de combate aos incêndios.

O governador disse ao BNC Amazonas que na próxima semana já haverá uma força-tarefa no sentido de coibir o avanço das queimadas.

Ele enfatiza que essa união entre as esferas de governo é fundamental para diminuir os impactos causados pela estiagem.

“Sozinhos, os governos estaduais e federal, assim como as prefeituras, não conseguem êxito nas ações de resposta. A necessidade de termos essa ação coordenada reduz os impactos da estiagem o máximo possível”.

Impactos no Amazonas

Conforme Lima, a situação tem impactos na população e na economia.

“Muita gente tem dificuldade para ter acesso à alimentação e água potável. Além disso, no Amazonas, os rios são as nossas estradas e a atividade econômica é feita por meio do transporte pelos rios”.

O governador de Roraima, Antônio Denarium, reforça a importância da parceria entre todas as esferas de gestão.

“Quero parabenizar o governo federal pelo trabalho preventivo com os estados na tentativa de combater o desmatamento e os incêndios florestais”.

Conforme a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, a reunião foi muito importante.

“Os esforços que já vêm sendo feitos na sala de situação montada há 35 dias foram apresentados e traçadas novas estratégias e abordagens. No caso da Amazônia, temos frentes de atuação do Ibama, do ICMBio, em parceria com os governos estaduais, e novas medidas foram acordadas, inclusive olhando para os municípios que mais estão incidindo com queimadas. Já temos os municípios que mais desmatam e agora estamos focando nos municípios que têm mais focos de calor”.

De acordo com o levantamento do governo, as regiões de maior incidência estão próximas a rodovias que envolvem o trecho entre Porto Velho (RO), sul do Amazonas e Novo Progresso, no Pará.

Entre as estratégias acordadas com os estados está a ênfase para que práticas de uso do fogo como forma de manejo da terra, usuais historicamente, sejam proibidas e fiscalizadas de forma mais intensa diante de uma estiagem que é a maior em quase 20 anos.

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Focos de queimadas

Com base nos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a reportagem do BNC Amazonas revela que os estados do Amazonas e Pará concentram atualmente mais de 67% dos focos de queimadas registrados na Amazônia entre 1º janeiro e 21 de agosto deste ano.

Nesse período, o Amazonas registra 10.400 focos de queimadas.

O recorde no estado foi de 20 mil em 2022, no governo de Jair Bolsonaro.

Atualmente, o fogo na Amazônia ocorre principalmente no sul do Amazonas e nos arredores da rodovia Transamazônica (BR-230).

Apuí (3.068), Lábrea (2.011), Novo Aripuanã (994), Manicoré (901), Humaitá (661), Canutama (452), Maués (405), Boca do Acre (369), Tapauá (272) e Borba (114) são os dez municípios amazonenses com os maiores índices.

No Pará são 12.445 focos de incêndio registrado no mesmo período pelo Inpe. Novo Progresso (1.827), Itaituba (1.795), São Felix do Xingu (1.478), Altamira (1.247) e Jacareaganga (923) são os municípios com maiores focos.

Foto: Wagner Lopes/Casa Civil