Pressionado pela carta que recebeu de representantes de oito países da União Europeia, pedindo o fim do desmatamento na Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), prometeu nesta quarta-feira (16) levar os embaixadores para conhecer a região.
“Estamos planejando aquela viagem à Amazônia. Vai ser feita no final de outubro. Não são só embaixadores europeus. Para não ficar uma coisa tendenciosa, vai ter de outros lugares também”, disse Mourão.
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A carta chegou às mãos do vice-presidente da República na terça-feira (15). Assinam os embaixadores da Alemanha, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Noruega, Reino Unido e Bélgica.
Os oito países são integrantes da Parceria das Declarações de Amsterdã e mais a Bélgica.
Os signatários afirmam que o aumento do desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros por consumidores do continente.
“Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimento não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atenderem seus critérios ambientais, sociais e de governança”, diz trecho da carta.
Segundo o documento, gentes comerciais buscam estratégias corporativas que reflitam “um interesse legítimo dos europeus por alimentos e outros produtos feitos de forma justa, ambientalmente adequada e sustentável”.
A carta se soma a manifestações anteriores como as cartas de investidores estrangeiros e ex-presidentes do Banco Central.
Reação à manifestação dos países
Nesta quarta-feira, Hamilton Mourão se reuniu com os ministros Tereza Cristina (Agricultura) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) e com o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Otávio Brandelli para discutir uma reação à manifestação dos países europeus.
De acordo com Mourão, o Itamaraty procurará o embaixador alemão no Brasil, Heiko Thoms para uma conversa. Se for preciso, o diálogo será estendido aos representantes dos outros países.
“Isso não são investidores. São países. Faz parte da estratégia comercial dos países europeus esta questão da cadeia de suprimentos. Isso é uma barreira. Existem barreiras tarifárias e não-tarifárias, então, isso daí a gente tem que fazer a negociação não só comercial, mas diplomática, como ambiental também”, disse Mourão.
Concurso para reforçar órgãos ambientais
O vice-presidente, que comanda o Conselho da Amazônia, também disse que está em discussão no governo um novo mecanismo de concurso para reforçar o contingente de órgãos de fiscalização como Ibama, ICMBio e Funai.
“Tenho que criar um novo mecanismo de modo que ao contratar gente, esta turma saiba que só vai para a Amazônia. Senão ele vai ficar dois anos para Amazônia e depois vai pedir para ir para Fernando de Noronha”, afirmou.
*Com informações da Folha Press
Foto: Divulgação