“A guerra é árdua e contínua”! Assim tem sido a batalha diária de Lúcio Aurélio Melo Montenegro, de 60 anos de idade, que trabalha como motorista no SOS Funeral.
Há seis anos, seu Lúcio faz parte dos 292 agentes do serviço da Secretária Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp).
De acordo com ele, “a nossa batalha diária é muito árdua, porque nós trabalhamos com a dor das famílias”. Lúcio afirma que “é inevitável não se deparar com tamanha situação”.
O desabafo do motorista reflete ao atual cenário na segunda onda da pandemia da Covid-19 na capital amazonense. Até esta quarta-feira (27), foram 599 ocorrências de remoção de corpos a domicílio e hospitalar. O número é praticamente o mesmo registrado no pico de abril e maio de 2020. Nos respectivos meses o serviço saltou de uma média mensal de 200 a 600 chamados.
Mesmo a frente de tantos atendimentos, e encarando a “dor e o luto” de inúmeras famílias de forma constante no trabalho, Lúcio garante que a sua força psicológica prevalece. “A gente se depara com a família desesperada, fragilizada e nós temos que ter aquela sensibilidade de conduzi-las pelo menos numa consciência tranquila, já que a situação é bastante dolorosa”, declara.
Dessa forma, o motorista do SOS Funeral diz que “em relação a quantidade de ocorrências que a gente faz diária, seja domicílio, ou não, é muito grande”. Conforme Lúcio, isso ocorre mesmo não havendo pandemia.
Lúcio aposta o número aproximado de ocorrências durante os seis anos dedicados ao trabalho como motorista do SOS Funeral.
“Eu já fiz aproximadamente umas 800 ocorrências durante esses seis anos de serviço. […] Calculo que deva ser isso aí, de 800 a 1 mil, nessa faixa”, disse.
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Cuidados redobrados
Apesar de lidar todos os dias com vidas perdidas, sobretudo para a Covid-19, o motorista agradece a Deus por não ter perdido ninguém para a doença.
“Graças a Deus não, e eu espero que não perca, porque os cuidados que eu estou tendo com essa doença, ora no trabalho, ora em casa é muito grande e eu procuro não descuidar em nenhum momento”.
Além disso, ele ressalta os cuidados para evitar a contaminação e tudo aquilo que encontra no trabalho: a morte.
“Essa doença ela não perdoa. Então a gente não pode se descuidar num só momento”, desabafa.
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“A consciência tem que prevalecer”
Lúcio diz acreditar na consciência do ser humano para superar o caos gerado pela pandemia. De acordo com ele, “a situação não é exclusiva só do Amazonas, é devastadora em todo mundo”. Ele lamenta, que “infelizmente a pandemia se desenvolveu de uma tal forma no nosso estado”.
“Mas acredito eu, que estou dia sim, dia não batendo de frente com essa situação, que ela gradativamente está diminuindo porque a consciência do ser humano tem que prevalecer. Eu acredito que a consciência vai prevalecer e num futuro bem próximo, em nome de Jesus, estaremos livre dessa situação calamitosa, que o planeta atravessa”, disse.
Foto: Divulgação