Guerreiros Mura fará alerta poético a quem desrespeitar Amazônia

E será sobre os seres da noite que a ciranda contará sua história.

Guerreiros Mura fará alerta poético a quem desrespeitar Amazônia

Dassuem Nogueira, do BNC Amazonas

Publicado em: 29/08/2024 às 12:36 | Atualizado em: 29/08/2024 às 12:39

Ontem a ciranda Guerreiros Mura realizou o ensaio geral do espetáculo “Sob o véu de Iaci” com presença expressiva de seus torcedores.

A agremiação do bairro da Liberdade se apresentará na última noite do festival de cirandas de Manacapuru, no domingo, dia 1º de setembro.

E será sobre os seres da noite que a Mura contará sua história.

Nela, o caçador ávido por conseguir abater o Carão não se dá conta dos seres viventes da floresta amazônica que estão de olho em sua maldade.

Capturado, inicialmente, por seres aquáticos, ele descobre um mundo submerso até então ignorado.

O Caçador passará uma noite assombrado por anhangás, matinta pereira, bicho folharal e outros.

Sob o véu de Iaci, nome da lua em tupi, se desenvolve sobre um imaginário caboclo que regula a ecologia na Amazônia.

Tais narrativas falam que se deve respeitar certas regras de convivência com todos os seres da floresta (invisíveis, não humanos e outros animais).

Não abater bichos fêmeas grávidas, por exemplo, garante a sua reprodução enquanto espécie, a sua função de alimento para humanos e outros bichos e a boa relação com os seus protetores espirituais.

Quem não convive bem na floresta leva uma “surra” de bicho folharal, é mau agourado por matinta pereira ou assombrado por visagens que são donos ou pais espirituais dos seres desrespeitados.

O espetáculo a ser apresentado pela Guerreiros Mura é um alerta poético escalonável a todos que ameaçam à vida na Amazônia.

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O espírito mura

Como é sua marca, o cordão de cirandeiros entregou energia impressionante na arena do Parque do Ingá.

Fizeram diversos desenhos coreográficos durante toda a apresentação, explorando várias formações, como em diagonais e laterais.

Mas, o que realmente impressiona é a contundência de seus passos em analogia ao aguerrido povo mura, de quem empresta não só o nome, mas o espírito.

Também foi possível notar referências coreográficas à dança maori, indígenas da Oceania; aos povos originários do rio Xingu, na região central do Brasil; e do vogue novaiorquino.

Tudo em meio ao estilo próprio de dançar ciranda do povo de Manacapuru.

Foto: Dassuem Nogueira/especial para o BNC Amazonas