Os ianomâmis da Aldeia Maturacá, em São Gabriel da Cachoeira (AM) receberam a visita presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional da Justiça (CNJ), ministra Rosa Weber.
A visita ocorreu na quinta-feira (20) em meio à agenda da ministra no Amazonas para lançamento da primeira Constituição traduzida em uma língua indígena, o nheengatu, conhecida como o tupi moderno.
Conforme o site do STF, integraram a comitiva a ministra do Supremo e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia; a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara; e a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana. Também participaram os professores Marco Lucchesi, presidente da Biblioteca Nacional e integrante da Academia Brasileira de Letras, e José Ribamar Bessa Freire, ambos especializados na temática indígena.
A Aldeia Maturacá é cercada pelo Rio Cauaburis e fica em local de difícil acesso, a 80 km de carro da cidade, mais 140 km pelo rio. Considerando também a Aldeia Ariabu, que fica no mesmo local, são 1,5 mil indígenas.
A visita começou com uma dança cultural de recepção de autoridades. Primeiro, os homens fizeram a dança. Depois, as mulheres.
Após as apresentações, a ministra Rosa Weber explicou que o objetivo da visita foi ouvir os integrantes do povo yanomami.
“Vim trazer o respeito do Supremo Tribunal Federal ao povo ianomâmi. Queremos ouvir vocês.”
Em seguida, a ministra Cármen Lúcia também afirmou que, assim como a comitiva estava sendo bem recebida na aldeia, Brasília também acolheria os indígenas. “A Praça dos Três Poderes está aberta a todos vocês.”
Em sua fala, o líder yanomami José Mario Pereira Góes, presidente da Associação ianomâmi do Rio Cauaburis e Afluentes (Ayrca), pediu ajuda das instituições para proteção das terras e dos povos originários.
“Queremos ter vida, queremos ser livres. Não queremos destruição. Queremos ter saúde de qualidade”, enfatizou.
“Nossos irmãos estão morrendo e não estão tendo assistência como deveriam ter. Que o Supremo Tribunal Federal colabore com a defesa do nosso território.”
A indígena Professora Carlinha Santos, da Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma, pediu um olhar das ministras presentes para as mulheres indígenas.
“Eu quero um olhar de vocês. Não é pedido, é direito nosso. Nós mulheres somos quem mais sofremos.”
As ministras receberam documentos com reivindicações dos povos e foram batizadas com nomes escolhidos pelos indígenas.
A ministra Rosa Weber foi chamada de Xororima Ianomâmi, nome que significa andorinha. Já a ministra Cármen Lúcia foi chamada de Maiama Ianomâmi, que representa mulher guerreira. Em visita à Aldeia Paraná, em março, a presidente do STF já havia sido batizada de Raminah Kanamari.
*Com informações do Tribunal Superior Eleitoral .
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Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF