Ao participar da divulgação dos investimentos do Governo Federal para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30) em Belém, no Pará, na última sexta-feira (14), o presidente Lula da Silva (PT) disse que a escolha do estado para sediar o evento foi feita por “teimosia” da sua parte.
Segundo o presidente, a insistência se deu pela necessidade de fugir de polos mais desenvolvidos, a exemplo dos estados Rio de Janeiro e São Paulo, e contribuir com o desenvolvimento de estados com menor preparo para eventos públicos de maior porte.
“Esse país precisa ter coragem de levantar o pescoço e dizer que quer fazer as coisas porque nos queremos mostrar o Brasil do jeito que ele é. O estado do Pará é um estado importante para esse país e isso aqui foi o estado que lutou muito, primeiro pela sua independência, quem não lembra da história do Grão-Pará, quem não lembra da história desse povo combativo, um povo lutador. Acho que foi o último estado a assumir a independência do Brasil. Essa cidade tem história. Por que os outros podem fazer e eles não podem fazer? Então, por teimosia, eu resolvi que o estado do Pará iria fazer a COP. Até porque, se a gente não faz isso, os mesmos estados se desenvolvem”, declarou Lula.
Na ocasião, o petista voltou a afirmar que o Pará deveria ter sido o estado sede para a Copa do Mundo de 2014, ao invés do Amazonas.
“O estado do Norte que deveria ter recebido a Copa do Mundo era o estado do Pará. Eu sabia disso, mas quem escolheu foi a Fifa, não fui eu e eles escolheram o Amazonas por razões obvias que vocês conhecem”, lamentou Lula.
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O presidente contou ainda que pessoas do seu entorno acharam uma “loucura” a escolha do estado para sediar o evento da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Muita gente achava que era uma loucura fazer a COP no Pará porque a COP não era uma coisa nossa, aqui é uma coisa da ONU. A ONU escolheu o Brasil para fazer, mas quem manda é a ONU. Eu escolhi o Pará, mas quem manda é a ONU. O Helder escolheu Belém para ser sede, mas quem manda é a ONU. Então, é um evento que o Brasil está administrando, mas é uma coisa organizada pelas Nações Unidas”, completou.
Embora o governo local tenha apresentado uma série de obras de infraestrutura em Belém para a COP-30, como a construção da Vila COP 30, falhas já foram apontadas a um ano do megaevento, como a falta de hospedagem. Dessa maneira, os governos federal e estadual correm contra o tempo para alcançar os padrões da conferência climatica.
Sobre o evento
A 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que será realizada em Belém, está agendada para novembro de 2025.
De acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias do evento.
Deste total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada “família COP”, formada pelas equipes da ONU e delegações de países membros.
Para Lula, a COP-30 será diferente de todas as outras. “Uma coisa é discutir a Amazônia no Egito; outra coisa é discutir a Amazônia em Berlim; outra coisa é discutir a Amazônia em Paris. Agora, não. Agora, nós vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. Nós vamos discutir a questão indígena, vendo os indígenas. Nós vamos discutir a questão dos povos ribeirinhos, vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem”, declarou o presidente em outra ocasião.
Críticas
Embora o entusiasmo do governo, ativistas ambientais criticam o objetivo do megaevento na região amazônica.
Segundo eles, com a COP-30, a ideia é “ganhar dinheiro” em nome da Amazônia e seus habitantes.
Os militantes, inclusive, seguirão de Manaus a Belém em caravana da “Cúpula dos Povos”, para acompanhar a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, em novembro.
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Foto: Ricardo Stuckert /Presidência da República